dom
12
jul
2020

Testes demostraram, pela primeira vez, eficácia do antimoniato de meglumina

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Pesquisadores alertam que droga causa alterações no coração de quem tem doença de Chagas crônica. Na imagem, dados clínicos e achados laboratoriais de um paciente com a coinfecção. Crédito: Tropical Medicine and Infectious Disease/Reprodução

Pesquisador da Universidade Federal da  Paraíba (UFPB) participou de estudo realizado em parceria com especialistas das federais de Uberlândia (UFU) e do Triângulo Mineiro (UFTM), em Minas Gerais, sobre infecção mista por Leishmaniose e Doença de Chagas, enfermidades causadas, respectivamente, pelos parasitas Leishmania braziliensis e Trypanosoma cruzi.

Os testes demostraram, pela primeira vez, resultado imunológico do medicamento antimoniato de meglumina para esse tipo de infecção mista. No entanto, os pesquisadores alertam que a droga causa alterações no coração do paciente com doença de Chagas crônica.

O estudo foi publicado pela revista acadêmica de acesso aberto Tropical Medicine and Infectious Disease e tem, entre os autores, o professor e biomédico Lúcio Castellano, do Grupo de Pesquisa e Educação em Imunologia Humana da Escola Técnica de Saúde (ETS) da UFPB, no campus I, em João Pessoa.

“As nossas perguntas para esse estudo foram: o que acontece com o paciente que tem uma doença e vai tratar a outra? O que o tratamento para Leishmaniose causa no paciente com doença de Chagas?”, conta o professor da UFPB.

“Já se sabe que a antimoniato de meglumina pode causar alterações cardíacas. Só que nunca foi mostrado no contexto de um paciente que, em pouco tempo de uso, já tenha apresentado alteração”.

Nesse estudo, os pesquisadores afirmam que os resultados apresentados mostram a importância de uma investigação clínica e laboratorial completa de pacientes provenientes de regiões geográficas que apresentam áreas endêmicas sobrepostas para doenças parasitárias.

“Se, pelo histórico do paciente, o médico já sabe que ele é de uma região endêmica de Chagas, deve fazer o exame para Chagas, Leishmaniose e HIV. Se der positivo, deve fazer uso de outro tratamento ou do antimoniato, mas com uma grande atenção do ponto de vista cardiológico”, afirma Lúcio Castellano.

Os municípios mais tradicionais como áreas endêmicas de transmissão da doença de Chagas na Paraíba, ao longo dos anos, de acordo com o pesquisador, são Monteiro, Piancó, Juazeirinho, São Bento, Monte Horebe e Jericó. Já para as Leishmanioses, são a Grande João Pessoa (de Conde até Baía da Traição), Pilões, Serraria e Sousa.

“O Brasil tem áreas de sobreposição das duas doenças, a de Chagas e as Leishmanioses em geral, com manifestações clínicas na mucosa, cutânea e visceral”.

Protocolo

De acordo com o pesquisador Lúcio Castellano, o protocolo padrão do Ministério da Saúde para tratamento de Leishmaniose é o uso do antimoniato de meglumina. Mas ele observa que antes não havia preocupação com as coinfecções, exceto por HIV (vírus da imunodeficiência humana).

“Se o organismo for resistente, não melhorar, ou o paciente tiver muito efeito adverso, passar muito mal com o remédio, entra-se com outro fármaco chamado Anfotericina B”, explica.

Lúcio Castellano defende que, do ponto de vista epidemiológico, o protocolo para paciente com Leishmaniose deveria ser os testes para HIV e Chagas. “Porque a doença de Chagas acontece praticamente nas mesmas regiões que a Leishmaniose”, pontua, acrescentando ainda o problema da subnotificação da doença de Chagas no Brasil.

Conforme o estudo, a influência do tratamento antimoniativo nas respostas específicas das células T anti-protozoárias foi avaliada em um paciente de 48 anos com diagnóstico de leishmaniose mucosa e infecção por doença de Chagas.

Após os experimentos, os pesquisadores constataram que, na infecção mista por Leishmaniose e doença de Chagas, o tratamento com antimoniatos pode modular as respostas imunes em direção a um perfil mais protetor para ambas as doenças.

Conforme Lúcio Castellano, já estão sendo recrutados mais pacientes na Paraíba e em Minas Gerais para dar continuidade aos estudos, com o apoio do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), administrado pela UFPB. “Estamos com avaliações de casos de coinfecção de Malária, Leishmanioses, HIV e Arboviroses”, adianta.

Os outros pesquisadores responsáveis pelo estudo são Karine Oliveira (UFU) e Cesar Gómez-Hernández, Marcos Vinícius da Silva, Rafael Oliveira, Juliana Machado, Luciana Teixeira, Dalmo Correia e Virmondes Rodrigues, todos da UFTM.

Ascom/UFPB


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