dom
17
jan
2021

trump_Luiz Felipe Osório_biden

Para o professor da UFRRJ, a rixa entre Biden e Trump “é uma disputa entre alas da burguesia que têm diferenças muito pontuais entre si. No essencial, ambos partidos concordam”. Para Osório, os Estados Unidos são “uma democracia que de plural e de liberdade não tem nada”.

O professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) especialista em Relações Internacionais Luiz Felipe Osório afirmou à TV 247 que o novo governo estadunidense que se inicia a partir do próximo dia 20, sob o comando de Joe Biden e Kamala Harris, será “tão perigoso quanto” a gestão de Donald Trump.

O professor explicou que não há nos Estados Unidos uma pluralidade política, fazendo com que os dois maiores partidos, com mais representatividade e relevância, os Democratas e Republicanos, sejam essencialmente muito semelhantes. O alinhamento ideológico dos dois partidos acaba por ser responsável, segundo o professor, pela condução parecida do país sob Trump ou Biden.

“Essa disputa política nos Estados Unidos é muito isolada, muito encapsulada e não permite que grandes pautas progressistas consigam chegar ao poder. Ali é uma disputa entre alas da burguesia que têm diferenças muito pontuais entre si. No essencial, ambos partidos concordam, tanto que nós verificamos isso no contexto atual. Bastou uma nota fora do tom como essa invasão ao Capitólio para que democratas e republicanos se unissem para rapidamente colocar panos quentes naquilo que evidencia a realidade dessa democracia estadunidense, uma democracia que de plural e de liberdade não tem nada”, disse.

Estados Unidos, China e Brasil

Questionado sobre a política submissa do governo Jair Bolsonaro perante Trump, que ignora o papel fundamental que os chineses exercem na economia brasileira, sendo os principais compradores de exportações do país, o professor afirmou que o papel mais vantajoso para o Brasil é praticar uma política pendular.

Assim como o ex-presidente Getúlio Vargas fez com os EUA e a Alemanha nazista, o Brasil deveria aproveitar a disputa entre estadunidenses e chineses para obter ganhos pelos dois lados, segundo Osório. “A postura deveria ser mais soberanista, mais independente, no sentido de poder ganhar com essa barganha entre duas potências, assim como foi feito no governo Vargas. Essa política pendular de estar sempre tentando ganhar no lado dos Estados Unidos e no lado da Alemanha na era Vargas pode tranquilamente ser aplicada no mundo atual, afinal de contas, quando duas potências brigam, sempre sobra para as outras. Verificamos mundo afora países que praticam essa política pendular e foram muito exitosos. A Coreia do Norte durante muito tempo jogou com essa política pendular entre China e União Soviética, e com o fim da União Soviética ela tenta jogar e obter ganhos com os Estados e China. Mas não me parece que essa será a linha de força da política externa pelo menos até 2022”.

Brasil 247


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