Hospital Metropolitano realiza implantação de eletrodo de estimulação para tratamento de epilepsia de difícil controle

Desde os 21 anos que Julieth Pessoa, da cidade de Jacaraú, faz tratamento para epilepsia. Hoje, aos 31 anos, as crises se intensificaram e a medicação não tem sido suficiente, levando-a a uma quadro de epilepsia de difícil controle, necessitando de encaminhamento para a realização da cirurgia de implantação de eletrodo de estimulação do nervo vago. O procedimento foi realizado na última segunda-feira (29) no Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, pertencente à rede estadual de saúde e gerenciado pela Fundação Paraibana de Gestão em Saúde (PB Saúde), e consiste numa pequena incisão no pescoço para localizar o nervo vago onde é implantado o eletrodo. Esse eletrodo é conectado a um marcapasso cerebral, que fica implantado abaixo da clavícula do paciente.

Conforme relatou a irmã da paciente, Janailza Pessoa, quando Julieth era criança apresentou algumas crises epilépticas, mas fez o tratamento e os médicos consideraram que ela estava curada. Ela levava uma vida normal e adorava dançar quadrilha junina, até que aos 21 anos apareceram novas crises com desmaios. Janailza lembra que a irmã foi consultada por diversos especialistas que tiveram dificuldade em diagnosticá-la, e com o passar dos anos as crises foram se agravando e afetando diretamente a rotina de toda a família. Janailza disse ainda que atualmente Julieth toma seis medicações das mais fortes, porém as crises continuam constantes. Até que há quase um ano passou a ser acompanhada pelo coordenador do Ambulatório de Neurocirurgia Funcional do Hospital Metropolitano, Emerson Magno, que a encaminhou para a realização da cirurgia.

De acordo com o neurocirurgião, cerca de 30% dos pacientes diagnosticados com epilepsia evoluem para a epilepsia de difícil controle. São epilepsias que não respondem à terapia medicamentosa, mesmo associando dois ou três remédios com boa indicação. “Então, para alguns desses pacientes que têm a epilepsia refratária, a gente pode indicar o tratamento cirúrgico. Existem diversas modalidades de tratamento cirúrgico, desde cirurgias receptivas, em que você vai lá e retira uma porção do tecido cerebral, que é o foco da crise epiléptica, até as terapias neuromodulatórias, que são mais modernas, para o caso de pacientes que têm uma epilepsia mais difusa, em que não é possível fazer a ressecção do foco epileptogênico. Então, a cirurgia proposta para o caso da Julieth foi a do implante de eletrodo de estimulação do nervo vago”, explicou Emerson.

Emerson Magno alertou que a cirurgia não vai curar a epilepsia, mas haverá uma redução das crises. “A ideia desse procedimento é que o paciente, através desse dispositivo, que emite um pulso elétrico quando o paciente vai ter uma crise epiléptica, reduza a frequência de crises. Após o procedimento, é feito o acompanhamento do paciente, o ajuste do aparelho, o aumento da intensidade dele à necessidade. Poucos pacientes podem ficar livres de crises, esse não é o objetivo, mas sim reduzir a frequência de crises e trazer melhor qualidade de vida para o paciente”, alertou o especialista.

O serviço de acompanhamento dos pacientes diagnosticados com epilepsia de difícil controle do Ambulatório do Hospital Metropolitano foi implantado no início deste ano, mas há três anos que existe o atendimento para pacientes com epilepsia na unidade hospitalar e em média são atendidas 90 pessoas mensalmente.

Para ter acesso ao serviço, a coordenadora do Ambulatório, Patrícia Monteiro, informou que o paciente precisa ir à uma unidade de saúde de qualquer município paraibano e receber o primeiro atendimento. A unidade emitirá uma Autorização de Procedimentos Ambulatoriais que será levada para a regulação municipal. A Regulação Municipal enviará um e-mail com a solicitação para Regulação Estadual que irá agendar o atendimento no ambulatório do Hospital Metropolitano.

Secom

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