seg
04
fev
2019

Hospital Metropolitano

A Rede de Cardiologia Pediátrica, iniciada em outubro de 2011, com o objetivo de realizar o diagnóstico de crianças cardiopatas, cresceu tanto que abraçou outras linhas de cuidado, passando a se chamar Rede Cuidar. Agora, além das crianças cardiopatas, são atendidas crianças com microcefalia e mulheres com gravidez de alto risco, por meio das Salas do Coração, Caravana do Coração e unidades de saúde. A Rede conta com a Telemedicina que, por meio da tecnologia, fornece informação e atenção médica aos pacientes e outros profissionais de saúde que estão em locais distantes.

A Telemedicina é uma das prioridades do Governo do Estado. Está previsto um investimento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para a Secretaria de Estado da Saúde (SES), que contempla ações específicas de informatização das unidades hospitalares e valoriza a rede de Telemedicina. A previsão é que o investimento seja liberado no primeiro semestre de 2019. O valor previsto é de cerca de 300 mil dólares.

A dona de casa, de São Bentinho, Danielle Miguel de Lima, pode até nem entender dos detalhes do funcionamento da Telemedicina, mas uma coisa ela sabe muito bem: a filha, que faz três anos em abril, foi salva na Sala do Coração, de Pombal, onde a Telemedicina foi o principal instrumento utilizado.

“Eu não sabia que estava grávida e comecei a sentir muitas dores. Fui na UPA e lá me disseram que eu estava tendo um aborto. Fui encaminhada para a Maternidade, onde me informaram que o feto estava praticamente morto. O parto foi feito e o bebê não apresentava nenhum sinal de vida. Mesmo assim, a equipe não desistiu de minha filha e hoje Clara Vitória só está viva pela dedicação dos profissionais da Sala do Coração”, declarou.

A coordenadora da Maternidade do Hospital Regional de Pombal, Gilda Pereira, também trabalha como enfermeira na Sala do Coração. No dia do parto de Vitória, ela estava de plantão. Gilda lembra da importância da Telemedicina para salvar a vida da menina. “Ela nasceu com seis meses e 960 gramas. Assim que começou a esboçar sinais vitais, recorremos à Telemedicina para consultar profissionais que estavam em outras unidades de saúde. O bebê foi estabilizado e, em seguida, transferido para Patos, onde ficou por três meses. De lá saiu bem e hoje Vitória é uma criança esperta e cheia de energia”, contou.

“A Rede Cuidar é um divisor de águas na saúde da Paraíba. Numa cidade do Sertão, onde não tem pediatras de plantão, ter uma ferramenta como essa para salvar vidas, não tem preço”, complementou.

São histórias como estas que fizeram a Rede Cuidar ser reconhecida, chegando a receber um prêmio da Organização das Nações Unidas (ONU), em dezembro de 2018. Foi a primeira edição do Prêmio Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS Brasil), e teve mais de mil práticas inscritas de todos os estados.

A prática do Governo da Paraíba, intitulada “Legos: um modelo inovador para soluções de saúde em regiões em desenvolvimento”, foi selecionada entre as 39 finalistas do Prêmio Nacional para o ODS Brasil 2018. “Este prêmio é de cada profissional que deu sua contribuição para o funcionamento da Rede Cuidar e, com isso, fez a diferença na vida de muita gente, em toda Paraíba”, disse a coordenadora da Rede, a pediatra neonatal, Juliana Soares.

Rede Cuidar – A iniciativa de mudar a realidade das crianças com doença cardíaca na Paraíba veio do Governo do Estado, em outubro de 2011. Em sete anos, a ação já atendeu 221.934 crianças e um total de 1.340 cirurgias. Além da cardiopatia infantil, desde 2017, a Rede funciona também com atenção à microcefalia e à saúde materna.

O eixo da cardiologia pediátrica trabalha em parceria com as equipes assistenciais das maternidades, com a realização da primeira triagem para diagnóstico de cardiopatia congênita grave, a oximetria de pulso arterial, realizada a partir das primeiras 24h após o nascimento. Em um segundo momento, os neonatologistas realizam nos portadores de sopro, filhos de mães diabéticas, que apresentem cianose ou que a oximetria de pulso arterial esteja alterada, uma segunda triagem, através da ecocardiografia, a fim de descartar patologias estruturais graves.

Os portadores de alterações serão encaminhados ao cardiologista pediátrico, classificados de acordo com a sua gravidade e conforme o perfil do serviço de referência seja para o Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires ou ao Complexo de Pediatria Arlinda Marques.

A Rede disponibiliza ainda o seguimento ambulatorial, em um terceiro momento, com pediatras clínicos acompanhando os cardiopatas pelo cardiologista, através da telemedicina.

Salas do Coração – Tendo como ferramenta principal a Telemedicina, as Salas do Coração realizam, semanalmente, ambulatórios supervisionados. Elas estão localizadas nas cidades distantes dos grandes centros e evitam que os pacientes tenham que se deslocar, por longas distâncias, para ter acesso ao atendimento especializado.

Nos três últimos meses de 2018, foram atendidos 210 pacientes, nas 11 salas espalhadas pelo estado: Patos (70); Catolé do Rocha (53); Esperança (13); Itabaiana (13); Guarabira (12); Cajazeiras (11); Sousa (10); Monteiro (09); Picuí (08); Pombal (08) e Princesa Isabel (03).

A enfermeira da Sala do Coração, de Cajazeiras, Socorro Guedes, destaca dois casos exitosos. O primeiro foi de uma adolescente, de 15 anos, grávida, que voltou pra casa assustada com o resultado dos exames que revelaram que o bebê tinha má formação cranioencefálica. No dia seguinte, a Sala articulou o retorno dela, junto à Prefeitura de Triunfo, onde ela mora, para concluir o atendimento. Pela Telemedicina, foi orientado para encaminhá-la à Maternidade Cândida Vargas, em João Pessoa. O segundo caso foi o de uma mulher grávida de gêmeos que estavam com restrição de crescimento.

“Nem sei o que seria destas mães e bebês se não existissem as Salas do Coração. Por isso, me orgulho muito de fazer parte de tudo isso, com todos os profissionais que integram a Rede Cuidar”, disse.

Caravana do Coração – A cada ano, a Caravana do Coração, que faz parte da Rede Cuidar, percorre 13 cidades paraibanas, em um percurso de quase dois mil quilômetros, levando exames e atendimento com especialistas a crianças com cardiopatia e microcefalia, além de gestantes com gravidez de alto risco. A Caravana existe desde 2011 e, até agora, já foram atendidos 6.741 pacientes, sendo três mil crianças identificadas com cardiopatias e 330 profissionais envolvidos.

Além dos atendimentos, a Caravana promove capacitações para os profissionais de saúde locais. Até o momento, foram 2.418 qualificações. A última caravana (sexta edição) foi realizada em 2018.

Secom-PB


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