dom
03
mar
2019

fhc-araújo

Em artigo publicado neste domingo (3) no Estado de S. Paulo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso questiona se o governo do Brasil insistirá no descaminho de subordinar a política externa a uma ideologia. "Fazer a roda da História girar para trás não é um exercício fácil, mas é esse o movimento tentado aqui e alhures", escreve Fernando Henrique.

O ex-presidente cita o Brexit do Reino Unido, no cenário europeu, o trumpismo, nos EUA, e o Brasil, na "nuestra America", que abre mão de sua soberania para se curvar "à política e aos objetivos do poderoso país do norte do nosso continente, como também conquistas civilizatórias na agenda comportamental".

"O labirinto sem saída do Brexit testemunha a dificuldade que essa via retrô tem encontrado, assim como os embaraços que o próprio Donald Trump encontra em seu país para a edificação do muro com que pretende barrar o fluxo migratório dos latinos em seu território, principalmente em razão da resistência parlamentar a esse projeto xenófobo, na contramão de suas instituições democráticas", disserta FHC.

O ex-presidente lembra que a ONU, "instituição que alerta para a gravidade desses riscos e atua para conter os perigos a que todos estamos expostos", não por acaso tornou-se um dos alvos principais do trumpismo.

Fernando Henrique lembra da mistura na formação do governo, que "não dá boa química", entre o chanceler Ernesto Araújo, "que desafia abertamente as tradições da política externa brasileira em suas concepções de soberania", e "os personagens do mercado e da corporação militar".

Segundo FHC, eles serão severamente testados com questões como a da Venezuela e da relação do Brasil com os países do Oriente Médio, "clientes privilegiados do agronegócio, quando o mundo bruto dos interesses será confrontado com os da pura ideologia. Os impasses que daí surgirem vão nos defrontar com uma encruzilhada: uma via nos levará a uma ruptura radical com nossa História e nossas tradições de nação soberana, a outra, a retomar o seu leito, em novas circunstâncias, certamente mais complexas", escreve FHC, que aposta na segunda opção.

Brasil 247


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