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12
jul
2019

Laboratório que desenvolveu o protótipo será inaugurado ainda neste mês

Biomodelo-Divulgação
Biomodelo reduz tempo de cirurgia e risco de infecção

O primeiro biomodelo de órgão humano produzido pelo Laboratório de Fabricação Digital/Pessoal (Fablab) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) facilitou a remoção de tumor de 11 cm, considerado de grande dimensão, da mandíbula de paciente.

A cirurgia foi realizada na manhã da última sexta-feira (5), no Centro Cirúrgico do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), no campus I, em João Pessoa, pela equipe da Residência em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, coordenada pelo odontólogo Marcos Paiva.

“A operação ocorreu para remoção (exérese) de tumor (ameloblastoma multicístico) na mandíbula com desarticulação no lado esquerdo e colocação de órtese de titânio e cimento cirúrgico, uma espécie de apoio para viabilizar a articulação temporomandibular”, explica Ozawa Brasil Jr., cirurgião responsável.

De acordo com o cirurgião-dentista, a órtese foi aplicada no lugar da parte da mandíbula que foi removida com o tumor. O dispositivo foi previamente modelado com o auxílio de biomodelo impresso em 3D, com o uso de imagens obtidas a partir de tomografia computadorizada.

Ozawa Brasil Jr explica que o biomodelo permitiu que a equipe se planejasse de maneira palpável, já que simulou com precisão o tamanho e o formato do segmento ósseo a ser removido.

Além disso, viabilizou que a órtese de titânio e o côndilo de cimento cirúrgico pudessem ser modelados e construídos antes da cirurgia, em vez de durante, o que diminui o tempo operatório e torna o resultado mais seguro e previsível.

“O protótipo também reduz o risco de contaminação e permite uma recuperação mais rápida do paciente. Um tumor de grandes dimensões tem potencial de malignização. Se continuasse se desenvolvendo, poderia causar assimetria facial.”

Produzido em Ácido Polilático (PLA), que é um poliéster termoplástico, elaborado a partir de fontes naturais como milho ou cana-de-açúcar, o protótipo é biodegradável. Ozawa destaca ainda que o modelo impresso não entrou em contato direto com o paciente. “Não há estudos que suportem essa utilização ainda”.

O biomodelo foi criado pelas equipes de voluntários do Fablab da UFPB e de cirurgia bucomaxilofacial do HULW. O projeto, que levou apenas dez horas para ser concluído, é assinado por Ozawa Brasil Júnior e pelo estudante Luiz Henrique Regis. A impressão, também muito rápida, com duração de 11h, foi conduzida pelo também discente Patrick Diego da Silva.

Aplicação diversificada

Com a inauguração do laboratório até o final deste mês, Euler Macêdo, coordenador do Fablab, prevê que os biomodelos impressos em três dimensões poderão auxiliar cirurgias bucomaxilofaciais em mais dois aspectos: produção de guias de corte e de posicionamento ósseo e novos instrumentais cirúrgico-odontológicos.

“A demanda de pacientes com patologias ósseas maxilofaciais e de deformidades dentoesqueléticas na Paraíba é enorme. Poderemos inserir a utilização de biomodelos em cirurgias no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)”, planeja Macêdo.

Ele lembra que estas são apenas algumas aplicações da prototipagem 3D. “A tecnologia de fabricação em modelo tridimensional pode ter papel relevante para diversas outras áreas da atuação humana, sobretudo nas ciências da saúde e da natureza.”

O Fablab da UFPB, localizado no Centro de Vivências, no campus I, em João Pessoa, encontra-se em fase de regulamentação, para que os usuários possam utilizar os equipamentos do laboratório a partir do pagamento de pequenas taxas, permitindo, assim, a viabilização da compra de insumos e manutenção dos equipamentos. No protótipo para a remoção do tumor, não foi cobrada, pois o projeto serviu de treinamento da equipe e validação do processo.

O laboratório conta com diversos equipamentos, tais como impressoras 3D, máquina de corte a laser, máquina Router CNC de grande formato e uma linha completa para fabricação de circuitos impressos. A produção diária depende de cada projeto, pois a complexidade varia e, consequentemente, o tempo de produção.

Ascom/UFPB


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