“Os homens sábios usam as palavras para os seus próprios cálculos, e raciocinam com elas, mas elas são o dinheiro dos tolos”.

Thomas Hobbes (1588-1679), filósofo inglês, autor de Leviatã

ter
02
jun
2015

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Consumidor gasta quase 2,2 horas por dia com aparelhos móveis (97 minutos no smartphone, 37 minutos no tablet), 37% do tempo diário dedicado ao consumo de mídia – em seguida vêm a TV (81 minutos), computador (70), rádio (44) e impresso (33); mudança de comportamento tende a acelerar o declínio dos veículos impressos

247 – O celular se tornou a mídia mais consumida no mundo. Segundo relatório divulgado nesta segunda (1º) pela Associação Mundial de Jornais e Publishers de Jornais (WAN-IFRA), o consumidor global já gasta quase 2,2 horas por dia com aparelhos móveis (97 minutos no smartphone, 37 minutos no tablet), 37% do tempo diário dedicado à mídia.

Em seguida vêm TV (81 minutos), computador (70), rádio (44) e impresso (33).

A circulação digital paga também aumentou 56% em 2014 e 1.420% entre 2010 (leia mais na reportagem de Raul Lores).

Brasil 247


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ter
02
jun
2015

O momento político gerado com a crise da Petrobrás / Lava Jato foi uma oportunidade única para o Brasil se passar a limpo

OTÁVIO SITÔNIOOtávio Sitônio Pinto

O Brasil pode dar adeus a si mesmo. Perdeu a única oportunidade de ser um país sério, como cobrou De Gaulle. Para os mais jovens, troco em miúdos: o Brasil teve com a França um entrevero que ficou conhecido como a Guerra da Lagosta (1961/1963), durante os reinados de Charles de Gaulle e João Goulart. O governo brasileiro prendeu alguns barcos lagosteiros franceses que pescavam em nossas costas, e o caldo engrossou. Ambos os países despacharam navios de guerra para a área. Segundo o governo francês, o Brasil havia autorizado a pesca, e voltou atrás. Numa audiência com o embaixador brasileiro em Paris, o grande Charles desabafou: “o Brasil não é um país sério”. Mas a autoria da frase também é atribuída ao embaixador brasileiro, Carlos Alves de Souza Filho.

Há quem diga que a frase foi do embaixador. Seja de quem foi a frase, definiu o Brasil como ninguém tinha definido até então, e ficou como marca registrada do Brasil até hoje, pois não apareceu slogan melhor. O Brasil não é um país sério: veja-se o caso recente da Petrobrás, o maior roubo do mundo. E o inquérito da Lava Jato está fazendo vista grossa com os maiores envolvidos; há empreiteiras que não vieram à tona da feijoada, estão blindadas. Uns dizem que são grandes demais e estão associadas a grandes figuras da política, outros dizem que estão vinculadas ao PSDB. Outros, que constituem um pacote que só será aberto no fim do inquérito, para dar o efeito de um “gran finale”. Seria bom demais para ser verdade.

O desenrolar do inquérito da Lava jato trouxe a suspeita (que todo mundo já sabia) que as doações de dinheiro aos partidos e candidatos eram compensadas com um retorno muitas vezes maior por parte dos governos, na forma de contratos e licitações graciosas. A crise dessa constatação levou os partidos do PT, PCdoB e PSOL a quebrar lanças pela proibição de doações particulares às campanhas políticas. Seria o primeiro passo para a redenção do Brasil, pois as eleições seriam saneadas, sem a intervenção do grande capital. Tudo ia bem encaminhado na Câmara dos Deputados, quando um núcleo de parlamentares deu marcha a ré e manteve o status quo com um artifício: doações podem ser feitas por pessoas jurídicas aos partidos, não aos candidatos. A Câmara e o Brasil andaram para trás, feito caranguejo de andada.

Não faz diferença. Tanto faz a Merposa doar a Fulano, candidato a presidente, como ao partido de Fulano. A campanha é a mesma, o resultado é o mesmo. Só nas eleições de parlamentares (são muitos os candidatos) poderá haver uma disputa interna pelo botim. Mas para prefeito, governador, presidente e senador ficará tudo como dantes no quartel de Abrantes.

O momento político gerado com a crise da Petrobrás / Lava Jato foi uma oportunidade única para o Brasil se passar a limpo. De dar um baculejo na mochila para apreender bagulhos ilegais, imorais. Mas os deputados deixaram passar a vez de se moralizar as eleições, que continuarão a ser gerenciadas pelo grande capital – responsável por mais de 90% dos custos eleitorais. As leis serão feitas por eles, os parlamentares dos grandes grupos; o País será dirigido por eles, sempre eles.

A marcha a ré na votação do dispositivo das doações foi coordenada pelo presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha, do PMDB do Rio de Janeiro. Por coincidência, envolvido nas denúncias do Lava Jato. O busílis da Lava Jato passa por doações da empresa a partidos, forma disfarçada de se doar a uma pessoa física. Em pleno inquérito de um fato, as leis que regem esse fato são modificadas, corroborando o brocardo de que “Direito é como rama de batata, para onde se puxar, dá.” Se houver outro mundo, “se notícias desta vida se consente”, sabendo da continuidade dos escândalos brasileiros, De Gaulle poderá dizer que bem que disse.

*Jornalista, escritor, poeta, ensaísta, publicitário e membro do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, da Academia Paraibana de Letras e da Academia de Letras e Artes do Nordeste.


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