dom
30
ago
2020
Programa vai ao ar neste domingo, às 20h, na TV Brasil

Indígena_em_Maturaca

“Os povos indígenas precisam de uma atenção muito especial, principalmente nesses momentos agora de covid-19. Sem povo indígena, não existe Brasil”, afirma o indígena Marivelton Rodrigues Barroso, da etnia Baré, presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN). A saúde indígena é o tema do Caminhos da Reportagem desta semana e vai ao ar no domingo, às 20h, na TV Brasil.

A equipe de reportagem do programa acompanhou uma missão do Ministério da Defesa a São Gabriel da Cachoeira, o município mais indígena do país, que fica no Amazonas. Mais de 90% dos 45 mil habitantes da cidade é descendente de alguma das 23 etnias que vivem na região. São Gabriel da Cachoeira chegou a ficar em primeiro lugar em casos confirmados de covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, em municípios brasileiros com até 100 mil habitantes. Entre os desafios na cidade estão a falta de estrutura e o atendimento de toda a população em um único hospital.

No município e nas comunidades indígenas próximas, o modo de se locomover foi um fator importante na disseminação da doença. “É uma região bastante distante, onde o principal meio de acesso são os barcos e a gente sabe que essas embarcações sempre estão bastante cheias, as redes ficam muito próximas uma da outra, então o transporte fluvial na Amazônia foi um grande vetor de disseminação dessa doença”, comenta o pesquisador do Instituto Socioambiental (ISA) Antonio Olviedo. Essa realidade afeta também o acesso à saúde, pois a maior parte das populações indígenas vive em aldeias distantes, de acesso difícil aos serviços de saúde.

O Caminhos da Reportagem entrevistou especialistas, lideranças indígenas e a população que estava recebendo atendimento médico nas comunidades próximas a São Gabriel da Cachoeira. O professor indígena Leonardo Peres Penteado, da etnia kubeu, relembra que os seus antepassados já vinham enfrentando vários tipos de epidemias ao longo da história. “Quando não respeitamos a mãe natureza, às vezes vem essa consequência”, afirma.  Ana Lúcia Pontes, médica sanitarista e pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), reforça que não há dúvidas de que as “epidemias tiveram um papel no processo colonizatório de dizimação e desestruturação de diversos povos” indígenas.

As consequências da covid-19 nos povos indígenas são também profundas. “ Essa é uma doença que infelizmente levou parte da biblioteca dos povos indígenas. Algumas pessoas que se foram são os anciões e as anciãs e que estavam fortes e transmitindo as suas práticas na região. Isso é bastante triste, é um pesar”, afirma a antropóloga Carla Dias, do Instituto Socioambiental (ISA).  Muitos dos indígenas que morreram eram lideranças. Perderam-se pajés, guerreiros, professores. Dos caiapós, Paulo Paiakan. Do povo Borari, Lusia dos Santos. O xavante Domingos Mahoro. E o cacique Aritana Yawalapiti, do Alto Xingu. Vozes que se erguiam pelo povo da floresta.

Agência Brasil


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