ter
24
dez
2013

Então é Natal. A cristandade celebra o nascer do Nazareno, que na indigência fez-se a grande ocorrência que se projetou sobre a humanidade e alterou o seu curso, tamanho o impacto que desencadeou com a fundação dos alicerces para a maior e mais vigorosa religião globalizada, a despeito da nova roupagem mal alinhavada postumamente pela alfaiataria pirata que se tornou o Vaticano, na perversa romanização da crença.

Gosto Dele, não obstante a cretina idealização estética pintada pelos cânones ocidentais que, a mando do papado imperial, desfigurou as diversas representações, desde as primeiras iconografias cristãs até a Renascença. Gosto de Joshua, filho do bom José (carpinteiro na Galileia e santo fazedor de chuva no Nordeste brasileiro) e de Maria. Sei que Ele existiu, claro. Não há cartório em Belém, a cidade do Rei Davi, que emita primeira ou segunda via de sua certidão de nascimento, mas há quem afirme que ele nasceu, provavelmente, entre 8 e 4 A.C e morreu por volta do ano 29.

Os primitivos padres da igreja, finórios, impuseram 25 de dezembro como dia de sua chegada ao mundo, justamente para que o Natal se realizasse simultaneamente com a festa pagã de Yule, no solstício de inverno, quando o sol, astro divinizado, nascia de novo. Bem, a verdade é que Ele existiu, o Joshua histórico que, em hebraico, quer dizer “Javé é salvação”. A versão grega do nome batizou-o de Jesus, Jesus Cristo.

Mais: sei que foi um grande filósofo, dos maiores de todas as épocas, embora não tenha [Ele] garatujado uma única frase ou uma só palavra ou letra pelas suas próprias mãos. Tudo que disse se propagou através das tradições orais, ancoradas ainda nas rememorações escritas dos seus discípulos. Mas a mensagem dele, a doutrina de paz e amor, irmanando povos e anunciando um reino de justiça e esperança, não foi, seguramente, em vão.

Gosto do Joshua, o homem anunciador da boa-nova, de um certo reino do céu na terra, cuja chegança se faz só através do amor – valor universal que adquiriu maior densidade por sua ascendência cristocêntrica. Um amor sem limites, a ponto de ‘oferecer a outra face’ ao inimigo. Um amor pleno, quando se ama ao próximo como a si mesmo. A dimensão político-filosófico de tais ideias sempre me fascinou, pela iluminação interior embutida, embora não as siga (nem de longe) com a mínima radicalidade necessária.

Afinal, 2013 anos depois, não sei exatamente quem foi Joshua. A figura histórico-religiosa do Messias, filho de Deus e originário da linhagem legítima da Casa de Davi, abre-se às indagações. Mas, bem ou mal, sei de um certo reino, a que Lucas nos remete ao transcrever a asserção categórica e igualmente sábia do Galileu : “O Reino de Deus não vem ostensivamente; nem se pode dizer que ele está aqui ou está ali. Porque o Reino de Deus está no meio de vós”.


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