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08
set
2022

O presidente da Russia, Vladimir Putin, durante Diálogo dos Líderes com o Conselho Empresarial do BRICS

A operação russa na Ucrânia é uma resposta direta ao que vinha acontecendo lá desde 2014: "Gostaria de enfatizar mais uma vez que não iniciamos nada em termos de operações militares. Estamos apenas tentando acabar com a hostilidades", disse o presidente russo, Vladimir Putin ao intervir nesta quarta-feira durante uma sessão plenária do Fórum Econômico Oriental, informa a TASS.

"Acredito que nada perdemos e nada perderemos. E do ponto de vista dos ganhos, posso dizer que nosso principal ganho é o fortalecimento da soberania. Isso é um resultado inevitável do que está acontecendo", ressaltou.

Putin fez comentários também sobre o acordo de grãos de Istambul, considerando que este acabou se transformando num "engano ultrajante", já que quase todos os produtos agrícolas enviados da Ucrânia foram para países da União Europeia, enquanto a Rússia e as economias mais pobres foram "meramente abandonadas".

A Rússia pode apresentar uma proposta de limitar as exportações de grãos ucranianos para a União Europeia.

"Definitivamente terei uma conversa com o presidente turco, Sr. Erdogan, sobre esta questão. Afinal, fomos nós que elaboramos o mecanismo de exportação de grãos ucraniano", disse o presidente.

No entanto, Moscou continuará trabalhando no acordo, "na esperança de que os objetivos pelos quais foi feito sejam finalmente alcançados".

Os preços globais dos alimentos ainda estão crescendo por causa das restrições às exportações russas, que ainda estão em vigor, independentemente do fato de terem sido oficialmente dispensadas das sanções.

Putin opinou sobre as controvérsias em torno da questão do gás russo. Destacou que a proposta da União Europeia de impor um teto ao preço é "mais uma estupidez, outra decisão fora do mercado que não tem futuro", que pode resultar em um aumento de preço.

A Rússia não tem problemas com a exportação de seus recursos energéticos, já que o gás fornecido por meio de gasodutos "é muitas vezes mais competitivo do que o gás natural liquefeito enviado pelo oceano".

Moscou não implementará "as decisões políticas que contradizem os contratos". "Não forneceremos nada se for contra nossos interesses", disse ele, acrescentando que os países que querem fazer imposições à Rússia não estão em condições de fazer isso.

Para Putin, as alegações de que Moscou está usando o gasoduto Nord Stream como "uma arma de energia" são "outra carga de bobagem". Ele disse que a Rússia está pronta para reiniciar o Nord Stream 1 já amanhã, mas "eles não nos deixaram fazer isso".

Em geral, a Rússia está apostando no "desenvolvimento inteligente das suas riquezas naturais, de modo que as matérias-primas extraídas no país serão usadas principalmente para aumentar a soberania nacional, enquanto o setor de extração já está protegido contra ataques e ações hostis."

O chefe do Kremlin discorreu ainda sobre a "fornalha de sanções". Para ele, o declínio do domínio global dos Estados Unidos e a incapacidade das elites ocidentais de aceitar fatos objetivos tornaram-se um catalisador para o "frenesi de sanções" do Ocidente. Como resultado, o alto nível de desenvolvimento industrial da Europa e os padrões de vida dos europeus “estão sendo lançados na fornalha das sanções” e sacrificados para que os Estados Unidos mantenham sua ditadura global.

A competitividade das empresas europeias está diminuindo devido à ruptura dos laços com a Rússia, entre outros fatores.

"Não seria surpreendente se, em última análise, o nicho de negócios europeus tanto no continente quanto no mercado global fosse ocupado pelos Estados Unidos.

Além disso, "na tentativa de resistir ao curso da história, os países ocidentais minaram os principais pilares do sistema econômico mundial", então a confiança no dólar, euro e outras moedas ocidentais foi perdida e as taxas de inflação atingiram muitos recordes.

O relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sobre a usina nuclear de Zaporíjia também foi comentado por Putin, que o elogiou. "Sim, sem dúvida, confio neste relatório", disse o presidente. "Eles [AIEA] estão, é claro, sob pressão (…) e não podem entender diretamente que o bombardeio vem do território ucraniano, mas isto é uma coisa óbvia", disse o chefe de Estado.

As alegações de que a Rússia está bombardeando a central nuclear que controla são "absurdas", acrescentou.

A Rússia está pronta para levar "qualquer um, incluindo um grande grupo de jornalistas europeus e norte-americanos" para a usina nuclear "já amanhã".

Por fim, o líder russo discorreu sobre a ordem multipolar e o chamado sistema internacional "baseado em regras"

“A visão [da Rússia] de uma ordem multipolar é a de um mundo que deve ser mais justo, um mundo que não deve se basear no ditame de um país, que se imagina como representante de Deus na Terra, ou talvez até mais alto, e constrói toda a sua política em sua suposta exclusividade", especificou Putin.

"Muitos dizem hoje que a Rússia está violando o direito internacional. Acredito que isso não é absolutamente verdade", insistiu, acrescentando que o direito internacional foi violado por aqueles que invadiram a Líbia e o Iraque, mas que agora se referem a certas regras inventadas.

Ao comentar sobre a nomeação de Liz Truss como primeira-ministra do Reino Unido, Putin disse que "um procedimento distante dos princípios democráticos para eleger um chefe de governo" está em vigor no Reino Unido. "O povo da Grã-Bretanha não está participando da mudança de governo neste caso", disse ele.

A forma como Londres construirá relações com a Rússia sob a liderança da primeira-ministra Liz Truss dependerá das elites dominantes britânicas, afirmou.

"Nosso dever é proteger nossos próprios interesses. Faremos isso de forma consistente e ninguém deve ter dúvidas sobre isso", assegurou.

Brasil 247


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