dom
11
maio
2014

Mais tarde, em Nuremberg, o marechal Keitel pediria para ser fuzilado

Otávio Sitônio Pinto*

Anteontem foi o 69º aniversário da rendição da Alemanha às forças aliadas. Mas a grande imprensa não seu maior importância ao fato. O fim da Alemanha, e das centenas de milhões de mortes que a guerra provocou, não tiveram destaque nos jornais do mundo. Foram 50 milhões de mortos, a maioria de civis – isto é, mulheres e crianças. Pois os homens estavam no “front”, e a maior parte das vítimas morreu nas cidades bombardeadas (ainda não se computou os outros animais mortos na guerra). A imprensa está mais ocupada com um campeonato de futebol de que com a Segunda Guerra Mundial.

O III Reich iria durar um milênio – dissera Hitler. Mas não durou nem um decênio. Meia dúzia de anos depois de iniciada a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha se rendia pela segunda vez, e duas vezes. Sim, porque houve o armistício na Primeira Guerra Mundial e duas rendições na Segunda Guerra: a primeira no dia 7 de maio, assinada pelo general Alfred Jodl, chefe do estado maior da Wehrmacht, no quartel-general norte-americano de Reims, leste da França. Pelos aliados, assinaram os generais Walter Bedell Smith, chefe do estado maior norte-americano, o general russo Ivan Susloparov, e o general francês François Sevez, como testemunha.

Mas os aliados não se contentaram com essa rendição e fizeram nova cerimônia, um dia depois – a 8 de maio, em Karlshorstla, Berlim, no quartel-general soviético, instalado na Escola de Engenharia Militar da Wehrmacht. Como representantes das forças alemãs assinaram a rendição o marechal Wilhelm Keitel, comandante da Wehrmacht, o general Hans-Juergen Strumpff, comandante da Luftwaffe, e o almirante Hans Georg von Friedeburg, comandante da Kriegsmarine. Como testemunha, o general francês De Lattre de Tassigny – para indignação do marechal Keitel. Mas a rendição era incondicional, e os alemães não tinham que reclamar dos termos.

No dia 6 de maio, o exército soviético havia começado a entrar em Berlim com 6.250 tanques de guerra, antes dos ingleses e norte-americanos. Não havia como resistir. Hitler se suicidara, com sua mulher Eva Braun, e só restava a seus generais a rendição.

Mais tarde, em Nuremberg, o marechal Keitel pediria para ser fuzilado, direito que ele alegou ser próprio dos militares, em vez de enforcado. Mas subiu à forca, onde morreu lentamente, asfixiado, em24 minutos de agonia, em 16 de outubro de 1946. O carrasco usou uma corda curta, e Keitel não morreu imediatamente, por seccionamento da cervical.

A rendição nazista ocorreu no aniversário do presidente norte-americano Harry Truman, que completava 61 anos. Os alemães lhe deram esse presente – o maior que Truman poderia receber.

A capitulação alemã não significou o fim da guerra, pois os japoneses só se renderam três meses e uma semana depois, em 15 de agosto de 1945 (mas a rendição só foi assinada em 2 de setembro, na Baía de Tókio). O Japão não se rendeu por conta das bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima (6 de agosto de 1945) e Nagasaki (9 de agosto de 1945), mas depois do bombardeio de Tókio por mais de mil aviões, também a 9 de agosto, que durou oito horas, seguido do segundo bombardeio com 600 aviões B-29.

Os norte-americanos não tinham mais bombas atômicas, pois só haviam fabricado as duas de Hiroshima e Nagasaki. Fizeram o sobrevoo de Tókio com dois bombardeios convencionais – o que convenceu os japoneses da imperiosidade da rendição, que não foi incondicional: segundo os termos do armistício, a pessoa do imperador não seria responsabilizada pela guerra, o que foi respeitado.

A segunda capitulação nazista foi exigida pelo ditador Josef Stálin. Diz-se que a rendição alemã demorou mais a ocorrer porque Winston Churchill, ao fim da Conferência de Teerã (28 de novembro de 1943), anunciou que os aliados só aceitariam a rendição dos alemães de forma “incondicional”. Esse pronunciamento de Churchill teria levado Hitler a tentar resistir até o fim, até o último homem, até o último velho e último jovem, convocados para a resistência final.

*Jornalista, escritor, poeta, ensaísta, publicitário e membro do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, da Academia Paraibana de Letras e da Academia de Letras e Artes do Nordeste.


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