sáb
19
jul
2014

O Brasil entrou na Copa pisando com a chuteira esquerda”

Sitônio PintoOtávio Sitônio Pinto*

A presidenta Dilma é fotogênica. Era assim que se dizia com as mulheres bonitas, mas nunca mais ouvi nem li essa palavra. Gosto de ver a presidenta no seu conjunto de calça comprida e casaco. Presumo que essa calça comprida seja para evitar lances inconvenientes, e nisso a presidenta faz muito bem. A primeira mandatária do povo brasileiro não deve dar vacilos diante dos paparazzi na hora de tirar fotos, às vezes inesperadas.

Desconfio que o casaco da presidenta, de mangas compridas e gola alta, seja de inspiração maoísta. Inda mais aqueles vermelhos-bombeiro. Preste atenção e verá que a maior parte dos casacos da presidenta são vermelhos. Parecidos com o casaco de Mao Tsé-tung, que era o mesmo para todos os chineses nos tempos da Revolução Cultural. Às vezes ela muda a cor do casaco, mas bonitos mesmo são os encarnados. Desde menino que sou do cordão encarnado, embora fosse fascinado pela mestra da lapinha. A mestra da lapinha é do azul, a contramestra é que é do encarnado.

Meio século depois daquele natal reencontrei a mestra numa reunião política. Não a reconheci, ela foi quem disse que estava me reconhecendo, não sabia de onde. Seu semblante não me chegava à memória. Aí ouvi o seu nome, dito por alguém do grupo. E o filme se desenrolou diante dos olhos da infância. Era a mestra, por quem eu era apaixonado. Ela se lembrava de mim! Vai ver que eu era correspondido e não sabia. Nunca havíamos nos falado.

O casaco maoísta da camarada Dilma me traz essas lembranças. Quanto mais o tempo passa, mais sou do encarnado. Nem a beleza da mestra me fez mudar de opinião. Mas bem que a grande camarada podia mudar de visual vez por outra. No lugar daquele conjunto da Guarda Vermelha, vestir um sari indiano, por exemplo. Um sari amarelo-índia, outro dia um sari vermelho-bombeiro. É uma peça muito bem composta que desce do gogó ao mocotó, cobrindo todas as partes.

Se eu fosse da equipe da presidenta, era o primeiro palpite que dava: vesti-la num sari vermelho mao, outra dia num amarelo índia. Pense como ela ficará bonita! Aumentaria seu índice nas pesquisas, que andam meio derribadas depois do escândalo da Petrobrás e do desastre da Copa. Essa Copa do Mundo foi um gol contra que Dilma fez, como aquele de Marcelo, logo nos primeiros minutos do primeiro jogo. O Brasil entrou na Copa pisando com a chuteira esquerda.

Não há jeito de se fugir desse assunto, não é? Como a Copa de 50, a Copa de 14 vai ficar na memória do povo brasileiro para sempre. Daqui a nove dias, 28 de julho, será o centenário da inauguração da I Guerra Mundial. A imprensa tem falado pouco no assunto, mas ainda é tempo. Parece que a Guerra ficou meio empanada pelo evento da Copa. O Brasil ainda participou, mandou uma equipe médica, um contingente do Exército e alguns aviadores.

No contingente do Exército havia um certo Capitão Teódulo, que foi nomeado adido militar na embaixada brasileira em Paris e por lá ficou, onde morreu e está sepultado. Nunca mais voltou à Itaporanga, antiga Misericórdia. Mas a Guerra acabou logo. O capitão Teódulo e a tropa de que fazia parte não chegaram a entrar em ação, pois quando desembarcaram em Portugal a Guerra terminou. Foi só os brasileiros chegarem, reforçados com um grupo de paraibanos, estes com um guerreiro do Sertão de Misericórdia, e terminou a Guerra.

Voltando à grande camarada Dilma: já usei aqueles casacos, quando fui da Guarda Vermelha. Combatíamos a camarilha imperialista de Washington mancomunada com a camarilha revisionista de Moscou. Além do sari, há outro palpite que eu gostaria de dar à presidenta: o asilo político para Edward Snowden, o jovem que revelou ao mundo os segredos da espionagem da CIA. Todos ficaram sabendo que a CIA espiona os países inimigos e aliados de Tio Sam, não respeitando nem a intimidade dos chefes de estado de países como Brasil e Alemanha. Ainda bem que Dilma usa aquele conjunto maoísta. Mas eu insisto no sari amarelo índia, vermelho mao, vez por outra.

*Jornalista, escritor, poeta, ensaísta, publicitário e membro do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, da Academia Paraibana de Letras e da Academia de Letras e Artes do Nordeste.


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