sáb
16
ago
2014

Sitônio PintoOtávio Sitônio Pinto*

“Em menos de um ano o Brasil teve quatro presidentes da república, no estilo banana republic’’

A profissão de político é muito perigosa, ou os voos de avião são muito arriscados. Quando esses dois fatores entram em rota de colisão ocorre um significativo número de mortes de políticos em desastres aéreos. Quinze, talvez mais, foram os políticos brasileiros, ou infiltrados na política, que morreram em quedas de aviões. Vamos contá-los?

Siqueira Campos, oficial do Exército pertencente ao tenentismo de 1922, comandante de uma das falanges da Coluna Prestes (eram quatro) e um dos conspiradores militares de 1930. Morreu em maio de 1930, quando voltava de Buenos Aires com uma mala cheia de dinheiro que arrecadara junto à Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro (Sanbra), de judeus argentinos, para financiar o Golpe de Trinta. A Sanbra tinha interesse no Golpe para melhor entrar no mercado algodoeiro, liderado pelo grupo pernambucano Pessoa de Queiroz. Siqueira Campos morreu afogado no Rio da Prata, onde jaz sua mala milionária.

Nereu Ramos, presidente da República por dois meses e dias, sucedendo a Café Filho, vice de Getúlio Vargas, que supostamente se suicidara. Café Filho, então presidente da Câmara, foi presidente por três meses, em 1954. Mas se afastou por razões de saúde, ou por sutil golpe de estado. Em seu lugar, assumiu o presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz, deposto três dias (sic) depois. E foi alçado à presidência da república o presidente do Senado Nereu Ramos. Em menos de um ano o Brasil teve quatro presidentes da república, no estilo banana republic. Em 16/06/1958.

No mesmo acidente que vitimou Nereu Ramos morreram também o governador de Santa Catarina, Jorge Lacerda, o deputado federal Leoberto Leal, e um total de 18 vítimas, em 16/06/1958.

Severo Gomes, ex-senador e ex-ministro dos ditadores Castelo Branco e Ernesto Geisel. Faleceu no mesmo acidente em que perdeu a vida o deputado federal Ulysses Guimarães, uma das maiores lideranças civis contra o golpe militar de 1964/1988. Desastre de helicóptero, em 12/10/1992. Seu corpo nunca foi encontrado.

José Carlos Martinez, deputado constituinte pelo PTB do Paraná, em 04/10/2003.

Clériston Andrade, postulante ao cargo de governador da Bahia, quando caiu o helicóptero em que voava, em 1/10/82.

Roberto Silveira, governador do Rio de Janeiro, no exercício do cargo, em 28/02/1961, oito dias após a queda do helicóptero em que decolava dos jardins do palácio Rio Negro, para inspecionar áreas inundadas do estado, principalmente Petrópolis. Não resistiu aos ferimentos

Júlio Redecker, deputado federal pelo Rio Grande do Sul, no grande acidente com o Airbus da TAM, no voo de Porto Alegre a São Paulo, no aeroporto de Congonhas, quando pereceram 200 pessoas. Em 17/07/2007.

Lauro de Freitas, candidato a governador da Bahia, 11/09/1950, mais o seu vice, o deputado Gercino Coelho, poucos dias antes da eleição, nas margens do Rio São Francisco.

Salgado Filho, 30/07/1950, ex-senador e ex-ministro do Trabalho e da Aeronáutica, quando ia visitar Getúlio Vargas no exílio de São Borja e o avião em que voava se chocou com o Cerro dos Cortellini. Presidente do PTB até morrer.

Fernando Ferrari, 25/05/1963, candidato independente a vice-presidente da república no pleito de 1960, na “campanha das mãos limpas”, em que foram eleitos Jânio Quadros e João Goulart, candidatos em chapas opostas.

O ministro da Reforma Agrária Marcos Freire, ex-deputado federal e ex-senador. Morreu quando o avião que o transportava caiu (ou explodiu) em circunstâncias nunca esclarecidas, no sul do Pará, quando o ministro ia inspecionar uma área conflitada. Em 08/09/87.

Agora foi a vez de Eduardo Campos, 13/08/2014, neto do grande camarada Miguel Arraes, três vezes governador de Pernambuco, também falecido na mesma data – em 13/08/2005. Campos era candidato a presidente da República, com possibilidades de ir aonde o avô não foi.

*Jornalista, escritor, poeta, ensaísta, publicitário e membro do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, da Academia Paraibana de Letras e da Academia de Letras e Artes do Nordeste.


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