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16
out
2014

“A solução da segurança ajuda até na solução da saúde, pois o número de vítimas será menor, ocupando menos leitos nos hospitais”

Sitônio PintoOtávio Sitônio

As muriçocas e os bandidos do Brasil continuam a atacar em plena luz do dia. Uma raça de muriçocas, pretas, menores que as tradicionais, mas equipadas com um ferrão maior. Um ferrão capaz de atravessar o pano grosso da rede e da camisa, mais o couro da vítima. Dizem que é ela que transmite a dengue. Um amigo nosso morreu de dengue. Um amigo livreiro, Pontes da Silva, lembra-se? Professor de filosofia. Mas a dengue hemorrágica não respeitou o filósofo. Vendia livros novos e usados, e raros.

Antigamente havia o fumacê, aquela camioneta com um compressor que borrifava as ruas com seu jato de inseticida. Até que diminuía as muriçocas. Mas nunca mais o fumacê passou. Não entrou na pauta dos candidatos a presidente e governador. Nunca vi um político apresentar uma solução para as muriçocas. Elas afligem o Brasil de norte a sul, leste a oeste, e ninguém lhes dá cobro. Ensinaram-me a queimar casca de laranja seca. Uma solução que não ofende a ninguém, só às ditas muriçocas.

Terça-feira foi o jogo contra o Japão. Neymar quatro, Japão zero. O Brasil levantou a cabeça. O placar ajudou a esquecer os sete a um que levou da Alemanha. Pior foi na guerra, muito pior. O Brasil nem estava a guerra e os alemães vieram afundar nossos navios nas nossas costas. Foram a pique mais de trinta navios, cerca de quarenta. Morreram centenas, milhares de pessoas. Alguns eram navios de passageiros, outros eram mistos.

Naquele tempo, o País não tinha alternativa para a navegação de cabotagem. O jeito era apelar para a sorte. O governo devia ter proibido o transporte de passageiros, depois que os nazistas torpedearam os navios. Mas foi preciso o povo ir às ruas para que se tomasse uma providência. O governo e as altas patentes eram germanófilos. Mas o povo foi pra guerra e ganhou, fez mais de vinte mil prisioneiros, o resto do Afrika Korps. Terça-feira ganhou do Japão, que não fez guerra contra o Brasil. O nosso Pearl Harbor foi causado só pelos italianos e alemães, ia me esquecendo dos fascistas.

Com a ascensão do nazi-fascismo, muita gente veio correndo da Europa para cá. Será que o pais de Dilma Roussef veio nessa leva? Terça-feira ela enfrentou Aéssio Neves no debate da televisão. Cada um apresentou suas propostas para o Brasil, mas ninguém falou das muriçocas. O discurso de Dilma girou em torno da educação, saúde, segurança, e da geração de empregos. Educação e empregos foram os maiores êxitos dos governos do PT. Mais de 40 milhões de brasileiros saíram da miséria para o conforto da classe média. Um número equivalente à população da Argentina. Isso é que é goleada. O pleno emprego serve também a quem paga os salários, pois gera mercado interno. É preciso explorar esse tema.

O economista John Kenneth Galbraith disse que o investimento em educação é o que traz retorno social mais rápido. Tem sido a maior preocupação dos governos do PT, e com sucesso. Lula e Dilma implantaram quase trezentas escolas técnicas, aquelas em que os alunos aprendem uma profissão e vão servir à indústria, servindo também a si próprios.

Mas vejo o principal problema do Brasil na segurança. Não se pode ir à rua nem ficar em casa. O brasileiro está acuado, inclusive pela polícia, que ataca gregos e baianos. Acuado e desarmado, pois o Estatuto do Desarmamento deixou o povo inerme diante do Estado tradicionalmente golpista e dos bandidos acangaceirados. Estes atacam como os antigos cangaceiros, assaltando cidades e fazendo o rapa nos bancos, trocando rajadas de tiros com a polícia.

A solução da segurança ajuda até na solução da saúde, pois o número de vítimas será menor, ocupando menos leitos nos hospitais. Nova York fez isso. E aboliu as motocicletas. No Brasil, os acidentados com motos ocupam quase um terço dos leitos hospitalares. Quem vai proibir as motocas? E os pistoleiros travestidos de motoqueiros? As motos devem ser recolhidas de circulação, assim como a moeda: as compras e vendas serão processadas só por cartões. Diminui muito o roubo, a propina, a sonegação, o jabaculê. Mas isso, e o fumacê, não interessa aos cartolas dos partidos.

*Jornalista, escritor, poeta, ensaísta, publicitário e membro do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, da Academia Paraibana de Letras e da Academia de Letras e Artes do Nordeste.


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