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14
jan
2015

O mural gigante Última Ceia, pintado em 1967 por Ziraldo, que estava encoberto na antiga casa de show Canecão, será restaurado pela UFRJ e aberto à visitação pública a partir de abril (Fernando Frazão/Agência Brasil)
O mural gigante Última Ceia, pintado em 1967 por Ziraldo, que estava encoberto na antiga casa de show Canecão, será restaurado pela UFRJ e aberto à visitação pública a partir de abril

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) lançou ontem (13) o Laboratório Público de Restauro – Mural Última Ceia, de Ziraldo, iniciativa para restaurar uma gigantesca pintura mural do artista, criada em 1967, na então casa de shows Canecão, que funcionava em terreno da universidade, no bairro de Botafogo, zona sul do Rio. A ação integra o projeto UFRJ Carioca, criado pela instituição para comemorar os 450 anos da cidade do Rio de Janeiro.

Considerada uma das maiores obras murais do país, com 32mx6m, o painel encontrava-se há anos emparedado, escondido da apreciação do público. A medida foi tomada pela direção da casa de shows, com o objetivo de aumentar o número de cadeiras da plateia.

Inspirado nos traços de pintores como Pablo Picasso e Cândido Portinari, Ziraldo criou, ao longo de seis meses de trabalho, uma Santa Ceia regada a cerveja, em um cenário carioca no qual não faltavam uma pequena favela e os Arcos da Lapa. Na época, em pleno regime militar, a obra foi alvo de críticas e considerada transgressora.

O artista Ziraldo visita seu mural gigante Última Ceia, pintado em 1967, que estava encoberto na antiga casa de show Canecão e será restaurado pela UFRJ e aberto ao público em abri (Fernando Frazão/Agência Brasil)
O artista Ziraldo vai acompanhar de perto a restauração do mural Última Ceia

A partir deste mês, o Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, que vai coordenador o laboratório, e a Escola de Belas Artes (EBA) da universidade iniciarão um trabalho minucioso para analisar as condições gerais do painel, que hoje tem apenas algumas partes visíveis. Em abril, o trabalho encabeçado pelos professores da EBA, com a participação dos alunos dos cursos de restauração, desenho e pintura, será aberto à visitação do público, que poderá acompanhar a recuperação em tempo real.

“Não sabemos o que vamos encontrar. Pode ser que seja necessária uma intervenção mais drástica ou alguma coisa que nos facilite, somente a limpeza e a recuperação do próprio desenho do Ziraldo”, disse o diretor da Escola de Belas Artes, professor Carlos Terra. O trabalho será acompanhado de perto pelo próprio Ziraldo, que esteve presente ao lançamento da iniciativa.

“Isso é a melhor coisa que me aconteceu nesta fase da vida. É um renascimento”, comemorou o desenhista. Segundo ele, o fato de o painel ter sido fotografado na íntegra, em grande dimensão – a foto está no Museu do Humor, em Piracicaba [SP] – vai ajudar na restauração. “E também tenho muita anotação, me lembro bem, e será fácil redesenhar o que estiver destruído”, disse.

De acordo com o reitor da UFRJ, Carlos Levi, a inauguraçlão do laboratório de restauro é mais uma das iniciativas da universidade para recuperar e devolver à cidade o espaço de arte do antigo Canecão. Em 2010, após uma longa batalha judicial, a universidade recuperou a posse do terreno ocupado pela casa de shows, que não vinha pagando o aluguel pelo uso do espaço. No local, a universidade pretende implantar um centro cultural, o Espaço UFRJ.

Agência Brasil


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