qua
14
jan
2015

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Jornalista Silvia Pilz "diz o que pensa" sobre os pobres que frequentam consultórios médicos; "Normalmente, [o pobre] se arruma para ir a consultas médicas e aos laboratórios", onde "provavelmente se sente em um cenário de novela"; tentando ser engraçada, ela afirma que pobre "faz drama, fica de cama" para não ir trabalhar quando tira sangue e que muitos sonham em "ter nódulos"; para arrematar seu desprezo, ela diz que "a grande preocupação do pobre é procriar"

247 – Em um artigo espantoso publicado em seu blog no Globo, a jornalista Silvia Pilz desfere todo seu asco contra os pobres. Especialmente o pobre que frequenta consultórios médicos, para onde "se arruma" para ir, segundo ela, por "provavelmente" se sentir "em um cenário de novela". Segundo ela, "o pobre quer ter uma doença" – como tireoide, "é quase chique" – e tem como principal preocupação na vida "procriar". Leia:

O plano cobre

Todo pobre tem problema de pressão. Seja real ou imaginário. É uma coisa impressionante. E todos têm fascinação por aferir [verificar] a pressão constantemente. Pobre desmaia em velório, tem queda ou pico de pressão. Em churrascos, não. Atualmente, com as facilidades que os planos de saúde oferecem, fazer exames tornou-se um programa sofisticado. Hemograma completo, chapa do pulmão, ressonância magnética e etc. Acontece que o pobre – normalmente – alega que se não tomar café da manhã tem queda de pressão.

Como o hemograma completo exige jejum de 8 ou 12 horas, o pobre, sempre bem arrumado, chega bem cedo no laboratório, pega sua senha, já suando de emoção [uma mistura de medo e prazer, como se estivesse entrando pela primeira vez em um avião] e fica obcecado pelo lanchinho que o laboratório oferece gratuitamente depois da coleta. Deve ser o ambiente. Piso brilhante de porcelanato, ar condicionado, TV ligada na Globo, pessoas uniformizadas. O pobre provavelmente se sente em um cenário de novela.

Normalmente, se arruma para ir a consultas médicas e aos laboratórios. É comum ver crianças e bebês com laçarotes enormes na cabeça e tênis da GAP sentados no colo de suas mães de cabelos lisos [porque atualmente, no Brasil, não existem mais pessoas de cabelos cacheados] e barriga marcada na camiseta agarrada.

O pobre quer ter uma doença. Problema na tireoide, por exemplo, está na moda. É quase chique. Outro dia assisti um programa da Globo, chamado Bem-Estar. Interessantíssimo. Parece um programa infantil. A apresentadora cola coisas em um painel, separando o que faz bem e o que faz mal dependendo do caso que esteja sendo discutido. O caso normalmente é a dúvida de algum pobre. Coisas do tipo "tenho cisto no ovário e quero saber se posso engravidar". Porque a grande preocupação do pobre é procriar. O programa é educativo, chega a ser divertido.

Voltando ao exame de sangue, vale lembrar que todo pobre fica tonto depois de tirar o sangue. Evita trabalhar naquele dia. Faz drama, fica de cama.

Eu acho que o sonho de muitos pobres é ter nódulos. O avanço da medicina – que me amedronta a cada dia porque eu não quero viver 120 anos – conquistou o coração dos financeiramente prejudicados. É uma espécie de glamourização da doença. Faz o exame, espera o resultado, reza para que o nódulo não seja cancerígeno. Conta para a família inteira, mostra a cicatriz da cirurgia.

Acho que não conheço nenhuma empregada doméstica que esteja sempre com atacada da ciática [leia-se nervo ciático inflamado]. Ah! Eles também têm colesterol [leia-se colesterol alto] e alegam "estar com o sistema nervoso" quando o médico se atreve a dizer que o problema pode ser emocional.

O que me fascina é que o interesse deles é o diagnóstico.

O tratamento é secundário, apesar deles também apresentarem certo fascínio pelos genéricos.

Mesmo "com colesterol" continuam comendo pastel de camarão com catupiry [não existe um pobre na face da terra que não seja fascinado por camarão] e, no final de semana, todo mundo enche a cara no churrasco ao som de "deixar a vida me levar, vida leva eu" debaixo de um calor de 48 graus.

Pressão: 12 por 8

Como são felizes. Babo de inveja.


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4 respostas para “No Brasil 247: Colunista do Globo revela seu nojo contra pobres”

  1. paulo disse:

    gLobo, o canal do sexo!

  2. Mauro Braga disse:

    Nesta semana, a “coleguinha” Silvia Pilz, buscando a graça na desgraça, pois como ela mesmo cita em sua tentativa de humor cáustico mal sucedido, usa e abusa dos comentários sobre aquilo que acredita (piamente) saber sobre os costumes dos “pobres”. Ironiza, busca a piada, mas perde o tom. Se é humorista, revela sua veia egoísta, pois somente ela deve ter dado gargalhadas (essas sim, pobres) sobre o que descreve.

    Em resposta à cronista e ao seu sarcasmo, já que aqui defendemos a democracia, vejamos:

    Todo rico (ou melhor, boa parte) tem problema de “time”. Uma questão de saúde que não é costumeiramente diagnosticada, pois os médicos sabem que se a verdade for dita, o cidadão abastado pode se ofender e alterar seu nível de sensibilidade. Não pode e nem deve ser contrariado. “É uma coisa impressionante”.

    Acredita que pode dizer ou fazer o que quiser, pois mesmo que tenha opiniões contrárias ao que diz, ainda assim será considerado um pensador à frente do seu tempo ou, quem sabe, apenas um excêntrico. Afinal, ele é rico. Pode ser o quiser, pensar o que quiser, dizer o que quiser e, até mesmo, ter o que quiser. Acredita.

    Todos têm a fascinação por aferir [verificar] seus extratos constantemente e, discretamente, ter orgasmos (múltiplos) a cada tostão acrescido sabe-se lá oriundo de que forma for. Rico ri sem motivo para selfies em Ibiza, no romper do ano na Atlântica, nas capas de revistas. Sente-se repleto de um vazio tão consistente (paradoxal ?) que nem busca explicações para descrever.

    Atualmente, com as facilidades das mídias digitais, marcar ponto nas colunas e fazer-se presente por entre “sua gente” (preconceituoso isso, mas vamos lá, estamos em uma democracia) e até mesmo diante dos pobres que “babam” de inveja, o rico finge que não está nem aí, mas goza ao sentir-se observado.

    Apara os pelos do nariz, empina-o e vai. O rico se incomoda ao entrar no avião, e mesmo na classe executiva, ver que a quantidade de “pobres” é cada vez maior nos percursos aéreos. Até internacionalmente ! Uma afronta, não é coleguinha?

    Agora, além dos planos de saúde, viagens para NY, Paris e outros tantos, os pobres querem mais o quê ? Já votam, frequentam as praias da Zona Sul sem nenhum constrangimento, têm carros ! E ainda ostentam e ganham com isso. Coitados dos ricos.

    De fato, “o pobre, sempre bem arrumado, chega bem cedo no laboratório, pega sua senha, já suando de emoção”. O rico, talvez por desdém, vai de chinelo, senta-se o mais longe possível, e observa calado, afrontado e irritado. Mas até o longe é perto, pois os pobres “enchem” as salas de espera. Até a Unimed que tinha sua face (tricolor) mas refinada, está sendo descredenciada. E tome pobre fazendo plano de saúde e querendo ser atendido com a mesma atenção que o rico.

    A moda, coleguinha, é ostentar, repito. Aprendeu-se com os ricos. E agora perdeu-se a graça. Todos podem ser? Meninos ganham milhões com seus vídeos, shows e blogs, enfiam por goela abaixo seus cordões grossos, sua cultura suburbana e suas risadas altivas (com aparelhos para os dentes ficarem alinhados) em meio ao repúdio dos tradicionalistas quatrocentões.

    Em tempo, o sonho do pobre não é ter nódulo, mas, talvez, ser um nódulo no dia a dia de uma sociedade que sempre o subjugou, seja em ações, preconceitos ou, sabe-se lá, em piadas de crônicas.

    Se a coleguinha não conhece nenhuma empregada doméstica que esteja sempre “atacada da ciática”, é porque não acordou às 3h da manhã, pegou o “Japeri-Central”, lotado e quente, mais duas conduções, enfrentou uma boa vassoura, lavou quilos de roupa, passou, fez comida e ainda engoliu o mal humor de seus patrões. Voltou nas mesmas condições para casa, limpou a sua própria casa, fez comida, deu atenção para as crianças e para o esposo e ao reparar, percebeu que faltava pouco para começar tudo de novo sem antes mesmo de poder dormir. Não há “ciática” que aguente, convenhamos.

    Como são felizes os pobres, coleguinha. Mas não babe. Doe tudo, se desnude de seus desejos materiais e seja um deles.

    Beijos no ombro, na melhor despedida de “pobre”, coleguinha.

  3. o cruel disse:

    Que idiotice descabida dizer que a jornalista tem nojo de pobre. Em nenhum momento fica caracterizado atitude preconceituosa da jornalista. Na verdade ela registrou a mais pura verdade sobre a conduta e hábitos de quem é pobre.

    • lucas disse:

      Vocês falam muita merda!. E quer saber como é avida de um pobre. Mas vocês estão enganados, pois quando eu de vez em quando e quase nunca vou ao médico, observo que tem mais ricos que um cardume de sardinha no oceâno… Sou de classe media alta mas não gosto de ficar se classificando, pois no final todos vão para o mesmo canto, sendo cremado ou enterrado… Acho uma pessoa dessa é doente ou com algum complexo…

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