sex
29
maio
2015

“Alguns ramos ainda comportam autodidatas, como é o caso do Papa: o sujeito pode ser papa sem passar pelo estágio de padre”

 

OTÁVIO SITÔNIOPereira Sitônio Pinto

Bons tempos estes em que os poetas são bacharéis e doutores em poesia, os romancistas são graduados em prosa, os músicos, musas e músicas são formados em música. É o caso de Hildeberto Barbosa Filho, graduado e pós-graduado em Letras, professor universitário de literatura. O caso também do primo Sérgio de Castro Pinto, também pós-graduado em letras e professor univesitário, considerado um dos cem maiores poetas do século XX e um dos cinco finalistas ao prêmio Casa das Américas, de Cuba: poeta internacional e federal. E não é por ser meu parente; é a crítica que diz.

Não me dou muito bem com a nação de professores, já fui expulso de várias escolas “honoris causa”. Mas tenho de reconhecer o valor de Hildeberto e Sérgio. E da utilidade dos cursos de literatura ou de que quer que sejam: eles orientam a leitura e o foco do estudo. Quem já deve ter concluído um curso de romancista nos Estados Unidos é o filho de Palmari Lucena, até um dia desses colaborador aqui no jornal. Pena que Palmari tenha deixado A União com seu assunto internacional, “globe troter” que é, e filho de maestro, irmão de músico, primo de Sivuca, quer dizer, entendedor de música.

Hoje, cada qual está se formando na sua profissão. Alguns ramos ainda comportam autodidatas, como é o caso do Papa: o sujeito pode ser papa sem passar pelo estágio de padre, basta ser crente. Mesmo assim a Igreja não resolveu o impasse do cisma da Igreja Oriental, que rompeu com a de Roma na eleição de mais um papa italiano, e está rompida até hoje. Só recentemente elegeram um papa polonês e outro argentino. Vamos ver se Francisco resolve o cisma e o caso do celibato. No princípio do cristianismo, os padres podiam se casar com várias mulheres, como os patriarcas da Bíblia. Só os bispos deviam ser monogâmicos, recomendou São Paulo na sua epistola.

Voltando ao diploma de papa: o curso do seminário é um senhor curso, mas não é exigida a carta de padre para o fulano ser papa. Mas isso é e tese, pois nos últimos tempos ninguém foi eleito nessas circunstâncias. É como o cargo de presidente do Brasil. Lula não é formado, tem só o diploma de torneiro mecânico. É um grande diploma, eu gostaria de ter um. Outro que não é formado é Seu Serra, mas foi candidato a presidente mais de uma vez. Mesmo assim, se diz economista. O visgo José de Alencar também não se formou, mas soube ganhar dinheiro e deu conta do recado nas vezes que assumiu a Presidência.

É de ver esse pessoal que se gradua em música, como as cantoras Elisa Paraíso, Marina Elali e Lucy Alves, todas com um repertório regional nordestino. Elisa é de Minas Gerais, mas escolheu para sua monografia de graduação o tema Luís Gonzaga. Sua dissertação foi um espetáculo realizado em Belo Horizonte, abrilhantado com a participação do músico Toninho Ferragutti. Elisa é unha mulher bonita com uma bela voz. Será um sucesso no panorama musical brasileiro. Já Marina Elali graduou-se em música nos Estados Unidos. A neta de Zé Dantas é linda e bonita, com uma voz perfeita, de exportação.

E agora vem Lucy Alves: seu diferencial é o fato de ser multi-instrumentista, tocando quase vinte instrumentos, com destaque para a sanfona. Além disso, canta e compõe. Ainda vai fazer um disco somente dela, tocando toda a banda, como o “Enfim solo” de Sivuca. Sua beleza também é regional, de um padrão nordestino característico e uma simpatia sertaneja. O fato de ser multi-instrumentista reserva para Lucy um lugar único no cenário internacional. Ela não tem concorrentes no Brasil nem alhures.

Nem a linda mexicana Natália Lafourcade concorre com Lucy como multi-instrumentista. Natália, com sua leve e fina voz de mamão doce, gelado, executa meia dúzia de instrumentos, como teclado, piano, violão, bandolim, ukelele e até serrote, de onde serra sons. Queira ouvi-la cantando “Farolito” com Gilberto Gil. Mas Lucy toca bem duas dezenas de instrumentos, todos os de Natalia e mais o dobro. Só falta o serrote.

*Jornalista, escritor, poeta, ensaísta, publicitário e membro do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, da Academia Paraibana de Letras e da Academia de Letras e Artes do Nordeste.


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