qua
29
jul
2015

“O maremoto da violência que devasta o País, do leste ao norte e do oeste ao sul, pode ser o principal fator do colapso nas pesquisas”

OTÁVIO SITÔNIOOtávio Sitônio Pinto

A assessoria da presidente anda às tontas com os motivos que têm levado a seu crescente desprestígio junto ao eleitorado. Os índices de aprovação da presidente já foram os maiores do País, mais altos até que os de Lula. E este era quase absoluto. O povo e os patrões queriam Lula outra vez, terceira vez. Queriam até modificar a Constituição para reeleger Lula. Ora, se estava dando certo, pra que mudar? Essa é uma das falhas da democracia: um bom governo não pode ter continuidade. E um mau governo também, eis a vantagem.

Mas, com Lula haveria a Lava Jato? A faxina que sacode o Brasil de leste a oeste tem mexido com amigos do ex-presidente. Será que no seu governo esse pessoal seria incomodado? O diferencial do governo Dilma é, historicamente, a devassa da Lava Jato. Ela representará uma reforma nos costumes políticos e administrativos do País. A História do Brasil será dividida em duas fases, antes e depois da Lava Jato. A fase em que os corruptores estavam à solta e a fase posterior, em que eles conheceram as cadeias.

Pena que não exista pena de morte no Brasil. O crime de corrupção, na escala em que foi cometido, só merece essa punição. É a corrupção a maior responsável pelo déficit de salas de aula, de leitos hospitalares, de vagas nos presídios, de ferrovias, de rodovias, de portos, de armazéns, de tudo. A Lava Jato é uma grande novidade no noticiário político-policial, mas o objeto de sua investigação é muito antigo. Desde quando se roubou o Estado no Brasil? Desde sempre. Vejam-se os anexins de nossa cultura: “aproveita enquanto o Brás é tesoureiro”, “bola roubada”, etc roubado.

Pois o Brás não é mais tesoureiro. O Brasil está virando um Estado, capaz de policiar seus gestores e legisladores. O mérito disso cabe à sequência de governos populares de Lula à Dilma. A Nação amadureceu. A Polícia Federal não é mais a polícia política dos anos embotados da ditadura (com embotados quero dizer os anos de botas). O Ministério Público, a Justiça Federal funcionam. Será que haverá um revertério, que as forças ocultas do mal consigam empitzzar as investigações, os inquéritos e os processos? É um risco que se corre, pois o mal é poderoso.

Há uma casa em Brasília, com o nome de uma velha senhora, que funciona como um templo de magia negra. E ela alberga personagens do alto clero da corrupção, agora atingidos pela Lava Jato. Pena que Dona Dilma não possa assumir que a operação saneadora é obra de seu governo – pois a Polícia Federal e o Ministério da Justiça fazem parte do organismo de seu governo, e têm seus titulares por ela nomeados. Mas isso não pode ser dito oficialmente, pois comprometeria os citados órgãos. A maturidade alcançada pelo Brasil fez com que o Estado caminhasse com suas pernas.

Tudo no Brasil merece uma auditoria. Mas esse “tudo” já tem muita coisa prescrita. Para que o sabão da Lava Jato alcançasse essas coisas, seria necessária uma revolução com efeito retroativo, pois o ordenamento jurídico brasileiro não permite um foco para trás de tanto alcance. Dona Dilma, ou o condutor que liderasse tal revolução, seria idolatrado (a) pelo povo brasileiro. Mas, até este notável momento histórico que vive o Brasil, jamais o País viveu tal experiência. Espere-se com otimismo para se ver até onde ai a Lava Jato. Muitos já haviam desistido do Brasil.

Um adminículo para a compreensão do baque da popularidade da bela Dilma, depois da Copa do 7 X 1 e do escândalo da Petrobrás (o escândalo é nosso): o maremoto da violência que devasta o País, do leste ao norte e do oeste ao sul, pode ser o principal fator do colapso nas pesquisas. No semáforo se é assaltado, no ponto do ônibus se é roubado, dentro do ônibus e do trem o arrastão, dentro de casa não se está seguro, na pizzaria também, no banco idem. Os bandidos matam, as polícias matam. Os sobreviventes que votaram em Dilma ficaram reduzidos a 7,7 %, e podem morrer mais.

*Jornalista, escritor, poeta, ensaísta, publicitário e membro do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, da Academia Paraibana de Letras e da Academia de Letras e Artes do Nordeste.


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