A construtora deixou fácil um listão com 316 nomes de políticos e autoridades, que teriam recebido dinheiro da empreiteira

Otávio Sitônio Pinto

Adverti o PCdoB do risco que o Partido corria em ocupar o Ministério dos Esportes num ano de Copa do Mundo. Se o Brasil perdesse, iriam culpar o Partido. Não deu outra coisa. O Brasil perdeu, e de sete a um, todos nos lembramos. Nunca o Brasil sofrera uma derrota daquela, foi inacreditável. Foi o único escore da Copa nessa dimensão. E logo para a Alemanha, a pátria de Hitler. Será que isso influenciou? É possível. Em futebol tudo é possível, até a Seleção Brasileira perder de sete a um.

Minha advertência foi em vão, mas o perigo se cumpriu. O Partido, quero dizer, o Brasil perdeu de sete. Algumas pessoas disseram que Dilma dava azar. Não descarto essa possibilidade. Só sendo azar um escore daqueles. Se o Brasil tivesse ganhado a Copa a presidente Dilma estaria noutra situação. Depois o Ministério dos Esportes mudou de comando. Aí apareceram boatos de que alguns estádios reformados para a Copa haviam sido superfaturados. Também preveni o Partido para essa possibilidade, na qual não acredito. Seria muito azar.

Mas parece que o time de Dunga-Dilma está se recuperando da crise também de azar que aflige o Brasil até no futebol. Empatou com a forte equipe paraguaia, depois de estar perdendo por dois a zero. Só começou a virar o placar no fim do jogo, aos 33 minutos. Pareceu até com a música de Jorge Ben, em homenagem a Fio Maravilha: “De repente ele chegou com emoção e gol! Sacudindo a torcida aos trinta e três minutos do segundo tempo”… Um advogado chicanista fez a cabeça do inocente Fio e entrou com uma ação contra Jorge Ben, para o compositor pagar direitos a Fio. Mas nada conseguiu, a não ser angariar antipatias para os dois.

O magnífico leitor José Loureiro me perguntou por que não jogo futebol. Ora, Loureiro, porque já tenho setenta anos. Mesmo quando tinha vinte anos nunca fiz sucesso em nenhum esporte, fosse vôlei, basquete, ludopédio. Tenho setenta anos, quatro stents, três hérnias de disco. Não dá mais. Em maio farei 71; espero até lá lançar a segunda edição do meu livro Dom Sertão, Dona Seca, pela editora Patmos, do livreiro Carlos Roberto de Oliveira, gráfica JB.

Outro empate que está pintando é o da cassação do presidente da Câmara, o Cunhão. Ele propôs a seus pares renunciar em troca da preservação do mandato. Seria o começo do fim da Lava Jato, que já está meio abalada com o novo e grande listão da Odebrecht. Pois a construtora deixou fácil um listão com 316 nomes de políticos e autoridades, que teriam recebido dinheiro da empreiteira. Foi um jeito de entregar sem denunciar; para todos os efeitos, a Policia Federal “achou” a lista numa operação de busca e apreensão. Ninguém pode acusar Odebrecht de deduragem, embora tudo indique que seja.

Taí no que deu receber dinheiro dos ricos. Nas campanhas eleitorais, Odebrecht dá dinheiro a gregos e baianos. Fica nas boas graças de quem ganhar. Isso é fundamental para o superfaturamento. Como seria possível superfaturar as barragens Gramame-Mamuaba em mil por cento? O Sindicato dos engenheiros denunciou, o deputado Simão Almeida (o Cândido do Araguaia) denunciou na Assembleia, mas não deu em nada.

Outro azar atribuído à presidente Dilma: a epidemia de uma virose que deu no povo e na população. Trata-se de uma disenteria aguda, que tem levado muita gente boa a fazer nas calças. Na segunda guerra mundial o exército alemão foi acometido de mal assim na frente russa. O jeito foi abrir uma cupira no fundo das calças, para facilitar a operação de evacuação. Eu não; eu uso fraldas.

*Jornalista, escritor, poeta, ensaísta, publicitário e membro do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, da Academia Paraibana de Letras e da Academia de Letras e Artes do Nordeste.