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12
maio
2016

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Dois bruxos no palco. Dois músicos dispostos a transformar a Sala de Concertos Maestro José Siqueira, no Espaço Cultural, em um laboratório de experimentalismos, na edição de maio do projeto Cambada. Na sexta-feira (20), Pedro Osmar e Paulo Ró mostrarão peripécias sonoras do Jaguaribe Carne, a partir das 21h.

Os irmãos Pedro e Paulo farão o show com dois violões e dois zabumbas, além de ‘brinquedos musicais’ e ‘risadagem do palco’. Conforme Pedro Osmar, alguns músicos serão convidados a compor a festa. Tudo será marcado pelo improviso jazzístico e pelo experimentalismo, de acordo com o fundador do grupo Jaguaribe Carne.

“Eu e Paulo nunca sabemos o que vai ser cantado, tocado e dito. Tudo fica ao sabor dos improvisos, algo tipo ethno jazz. Trabalhamos a partir da lógica de uma música de livre improvisação, onde nada faz sentido…a música executada só tem começo e nunca sabemos onde e quando termina. É pura curtição, pura brincadeira, puro delírio sonoro” disse Pedro.

Pedro Osmar enfatizou que a música feita pelo Jaguaribe Carne vai de encontro ao mercado, à academia e até mesmo de encontro à música contemporânea. “Não me encaixo nos perfis desejados pela indústria fonográfica e pela mídia. Eu queria ser mais calmo e mais paciente, mas se fosse assim, não seria Jaguaribe Carne. Nosso show é imprevisível. É a essência do Jaguaribe Carne”, declarou o cantor e compositor.

O Jaguaribe Carne foi criado em 1974 (no bairro de Jaguaribe – claro!!! – um dos mais tradicionais de João Pessoa), dentro dos festivais de música da cidade de João Pessoa. O grupo foi berço, teta e referência de grandes nomes da música nacional, como Chico César, Lenine, Zé Ramalho,Totonho e Seu Pereira.

“De lá pra cá, a nossa compreensão sobre as estéticas musicais foi se ampliando, à medida que conhecíamos os expoentes da música do mundo, como o indiano RaviShankar, o paquistanês NusratFateh Ali Khan,os americanos Meredith Monk, Stomp, Jimi Hendrix e Pat Methiny, o inglês Derek Bailey e os brasileiros Hermeto Paschoal, Egberto Gismont, Naná Vasconcelos, Banda de Pífanos, Sivuca e Mestre Salustiano, entre tantos outros músicos que nos inspiraram e nos piraram”, contou Pedro Osmar.

Assim, o público que for conferir o show do Jaguaribe Carne, nesta sexta-feira, encontrará uma edição do projeto Cambada com múltiplas influências musicais e altíssimos níveis de interação, de Hermeto Paschoal a Stomp; de TrilokGurtu a John Cage. Nas palavras de Pedro Osmar, o show desta sexta-feira será de “muita animação, muita alegria e muita molecagem sonora”.

O Jaguaribe Carne –O grupo pode ser definido como uma fusão de linguagens, incluindo música, artes visuais, artes gráficas, teatro, literatura e jornalismo. A pesquisa e laboratório de sons da World Music funde-se ao folclore brasileiro e nordestino. Entre os ingredientes desse bolo musical, tem ciranda, coco, maracatu, caboclinho, catira e boi. O caldo engrossa ainda mais com influências da música do oriente, da África, das vanguardas europeias do século passado, do jazz, da música instrumental brasileira.

Pedro Osmar e Paulo Ró são guerrilheiros culturais. E têm orgulho disso. Não à toa, as letras das músicas são politizadas e engajadas. São letras, no mínimo, que destoam do padrão vigente, abobalhadamente ‘romântico’. Letras com contundência e rigor estético, além de compromisso ético e humano. Em seu nascedouro, o Jaguaribe Carne já trabalhada a ideia de garantir reflexão e diversão para várias comunidades até então carentes de mobilização educadora.

As pioneiras experiências do Jaguaribe Carne, já na década de 1970, apontaram outras direções para o fazer musical, deslocando o eixo geográfico para os bairros, abordando temáticas inéditas e recusando os caminhos da indústria fonográfica. O Jaguaribe Carne levou às últimas consequências suas intervenções, propondo inclusive diferentes formas para as apresentações, transformando os “shows” em verdadeiros manifestos que ultrapassavam os limites do repertório musical.

O Jaguaribe Carne é criador de movimentos culturais como a Coletiva de Música 1976, Musiclube da Paraíba 1981, Movimento de Escritores Independentes 1984, além de ter participado ativamente da criação do projeto Fala Bairros arte-educação comunitária em 1982, no bairro de Jaguaribe, “De pé no Chão também se aprende a Ler” do Rio Grande do Norte e da CEPLAR Campanha de Alfabetização Popular da Paraíba que ajudaria a viabilizar o método Paulo Freire de educação popular, Grupo História Viva de Mangabeira, Vivência de Mandacaru, Araponga e Boca da Noite.

Inicialmente, no começo dos anos 80, o grupo registrou sua música em fitas cassete de produção artesanal, as chamadas FAL Fitas Alternativas. É desse período as fitas Dança Nativa e Repercussão Pedro Osmar e Paulo Ró, Gente Operária de Jaiel de Assis e Jarbas Mariz & Pedro Osmar gravada no Rio de Janeiro em 1982 com as participações especiais de Lenine, Luciano Coutinho, Antonio Santana, Alex Madureira, Ivan Santos e Damilton Viana.

Nos anos 90 gravam o LP “Jaguaribe Carne-Instrumental” e em 2004 lançam o CD ‘Vem no Vento’. Paralelamente, Pedro e Paulo lançam projetos individuais: Signagem, de 1995, com as experimentações vocais de Pedro Osmar, Viola Caipira, de 1997, com as experimentações violeiras de Pedro Osmar e Jardim dos Animais, de 1999, com canções de Paulo Ró feitas tendo como base o livro de poesias do mesmo nome feito pelo mineiro Ronald Claver. Outros discos foram gravados mas não prensados, entre eles: Novóide, Piano Confeitado, Dez Cenas de Reviola e sua Funcionalidade Cabocla.

Pedro Osmar também participou de vários salões de arte em João Pessoa, Recife (PE) e Natal (RN), e teve três textos de sua autoria montados para o teatro: “Quem é palhaço aqui?”, em 1978, pelo ator Edilson Dias; “Em Sentido Contrário às máquinas” em 1992, pelo grupo Prefácio, e ” Fogo Prestes” em 1998, pelo Grupo de Teatro dos Seis.

Este mês, o nome de Pedro Osmar foi destaque entre os projetos aprovados na décima sétima edição do edital Rumos Itaú Cultural 2015-2016. Ele está na lista, como protagonista do documentário de longa-metragem‘Pedro Osmar, Liberdade que se Conquista’. O criador do Jaguaribe Carne pretende lançar o livro ‘A geração Musiclube e outras Canções Populares’.

Sobre o ‘Cambada’ – O projeto “Cambada” foi lançado em janeiro, com a ideia inicial de realizar uma temporada. Com o nome que faz referência ao coletivo de caranguejos, virou sucesso de público, e agora a frequência de shows passa a ser mensal. A proposta consiste em realizar uma série de shows onde artistas da terra se apresentam com repertório construído exclusivamente com músicas de compositores paraibanos.

Além da qualidade das atrações, outro atrativo do projeto é o preço popular (R$ 10 e R$ 5), uma forma de estimular o público a consumir e apreciar os artistas da terra. Com a ação, a Funesc pretende oferecer um panorama da produção local à população, ampliando dessa forma o acesso às mais variadas vertentes da música, onde cada artista apresenta, além de seu repertório autoral, músicas de conterrâneos.

Serviço

Projeto Cambada apresenta Jaguaribe Carne

Data: sexta-feira (20 de maio)

Hora: 21h

Local: Sala de Concertos Maestro José Siqueira –Espaço Cultural

Ingressos: R$ 10 (inteiro) e R$ 5 (estudante)

* A venda de ingressos é feita na bilheteria do local do show, começando com uma hora de antecedência.

Secom-PB


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