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07
jul
2016

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Documentário sobre Janis Joplin, que estreia nesta quinta-feira 7 nos cinemas brasileiros, revela lado humano da cantora, muito além do ícone rockstar.

Por Ricardo Flaitt, para o 247 – Muitos ícones habitam nosso imaginário coletivo. Janis Joplin é um deles. Mas quando se resgata na memória a imagem da rockstar, as primeiras imagens nos remetem a um talento imenso, uma vida desregrada ou, em síntese: em sexo, drogas e rock and roll.

Janis foi tudo isso, mas, sobretudo, humana, imersa também em conflitos existenciais como os meros mortais. E é justamente desse ponto que o documentário "Little Girl Blue", que estreia nesta quinta-feira 7 nos cinemas brasileiros, diferencia-se de outros relatos, que se resumem apresentar a cantora em cima do palco, brilhando com seu vozeirão avassalador, visceral, cortante. O documentário congrega a música, e amplia sobre a vida.

A diretora Amy emerge nos primeiros anos de vida de Janis, quando ainda era a menina feia do colégio. Vítima de escrachos, a ponto de colocar o espectador incomodado na cadeira diante de tanta sacanagem, tanta avacalhação com a jovem Joplin.

Diferente, renegada, à margem do comportamento geral da cidadezinha texana de Porth Arthur, e do Sistema, Janis, que era muito grande, ganhou os Estados Unidos e depois o mundo por meio do seu talento.

Liberal, livre, louca, rompendo com os paradigmas comportamentais de uma sociedade americana conservadora na década de 60, "Little Girl Blue" mostra uma Janis que cresceu, mas que, por mais tenha voado do Texas, nunca conseguira se libertar e superar, de fato, tanta perseguição, principalmente por sua feiura ou, pelos seus padrões diferentes dos convencionados. O passado era pesado.

Janis curtiu em seus 27 anos de existência, porém, também sofreu grandes dramas existenciais, como refletem os versos da canção que dá o título ao documentário, "Little Girl Blue", que se traduz por "Menininha Triste": "Sente-se ali, conte em seus dedos. / O que mais, o que mais há pra se fazer? / Oh, e eu sei como você se sente, / Eu sei que você sente que já atingiu seu limite, / Oh ah wah ah sente-se ali,conte, / Ah, conte em seus dedinhos. / Minha infeliz, oh, menininha, menininha triste, yeah".

Janis morreu em 4 de outubro de 1970, com 27 anos sofridos e intensos de vida, vítima de overdose de heroína, como instrumento para libertação, sublimação da realidade e viagem por si só.

Muito além do jardim de remontar a vida de rockstar, "Little Girl Blue" revela as fragilidades de Janis, seus desencantos, suas carências. Provocador e contestador, como é inerente à sua vida, o documentário coloca em discussão o que representam as regras sociais, os valores, o convencional, o padronizado, que cada vez mais se impõe sobre novas gerações fecundadas sobre esse "Admirável Mundo Novo", cumprindo ordens, repetindo padrões, distantes de buscar novas formas para se viver.

Triste mesmo é pensar que muitos jovens desses tempos funk ostentação nem ao menos sabem que um dia passou um furacão pelo mundo chamado Janis Joplin, que cantou com alma e colocou um caleidoscópio nos olhos do mundo. Extraordinário, imperdível.

Brasil 247


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