A garantia de mercado, acompanhamento técnico e fornecimento de sementes selecionadas têm feito com que agricultores familiares demonstrem interesse pelo cultivo do algodão orgânico. A previsão é de que mais de 300 produtores em 42 municípios estejam fazendo seus plantios, consorciados com outras culturas seguindo os princípios agroecológicos dentro do Projeto Algodão Paraíba.
Para debater e apontar avanços e encaminhamentos que fortaleçam a produção de algodão orgânico no estado, foi realizada na terça-feira (24), em Campina Grande, reunião organizada pela Comissão de Produção Orgânica da Paraíba (CPOrg-PB), no auditório da Embrapa Algodão, numa iniciativa da Superintendência Federal da Agricultura e parceiros governamentais e entidades civis. Coube à Gestão Unificada Emepa/Interpa/Emater, representando o Governo do Estado, apresentar o projeto Algodão Paraíba dentro da programação do evento, que teve também a apresentação de vários itens fundamentais para a consolidação desta atividade agrícola.
Recentemente a Emater realizou encontro com 30 extensionistas para planejar as atividades da safra, com a participação da equipe de transferência de tecnologia da Embrapa. Foram discutidas estratégias para o aumento da produtividade, a redução de custos e produção e melhoria dos rendimentos do produtor.
A expectativa da Emater é de que pelo menos cada agricultor cultive entre um ou dois hectares, prevendo-se uma produtividade de mil a l.200 quilos de algodão por hectare. A produção tem a compra garantida pelas empresas Norfil, em João Pessoa, o Organic Cotton Colours, a V. Fair Trade e Vert Shoes que fornecem semente, sacaria e o escoamento da produção. A cada etapa, desde o preparo do solo, plantio, desbaste, monitoramento do bicudo e colheita têm acompanhamento de extensionistas rurais.
Na reunião, o coordenador regional da Emater em Campina Grande, José Sales Júnior, fez uma explanação histórica sobre o Projeto Algodão Paraíba, apontando o que está sendo feito junto aos parceiros para a consolidação desta atividade que representa a retomada de uma cultura rentável para as famílias envolvidas.
O agricultor João Lourenço Gonçalves, do Assentamento Campos, em Salgado de São Félix, que há três anos iniciou o plantio de algodão com acompanhamento da Emater, tem servido de modelo para outros produtores. Vendo o sucesso de sua plantação, em 2017 formou-se um grupo de 20 famílias interessadas no cultivo, e na safra de 2018, esse número cresceu para 35 agricultores. Na região, há muita gente querendo plantar algodão. “A certeza de ter a quem vender com preço justo, além da assistência técnica motiva a retomada da atividade. Todos sabem que no final do ano têm dinheiro no bolso”, comentou.
Segundo ele, valeu a pena voltar a plantar algodão, sobretudo orgânico, porque agrega valores e tem mercado garantido, sem a presença de atravessadores. Outra vantagem é a possibilidade de cultivar junto com milho, sorgo, feijão e gergelim. “São culturas que fazem aumentar a renda familiar e também garantem uma reserva de alimento para os animais em período de estiagens”, disse.
Ao final da reunião, a Empasa fez uma explanação acerca da compostagem orgânica para todo o grupo integrante da Comissão de Produção Orgânica da Paraíba, uma atividade que pode contribuir de forma significativa para melhorar a qualidade dos alimentos a partir da transformação da matéria orgânica para uso como adubo.
O algodão que está sendo produzido na Paraíba de forma sustentável tem chamado a atenção organismos internacionais, por meio do Projeto de Cooperação Sul-Sul trilateral, entre Brasil, FAO e os países integrantes do Mercosul, que demonstram interesse pela extensão rural praticada no Brasil para a revitalização da cultura em suas regiões.
Secom-PB
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