Por Edmilson Lucena

Ninguém consegue absorver com naturalidade a idéia de que todos morrem. É inevitável, de vez em quando, pensar sobre esse assunto cruel que torna insignificante a imensa maioria das nossas preocupações, metas e conquistas.

Pensamos na dor de perder os parentes mais próximos, na angústia de pensarmos se morreremos antes ou depois daquele que amamos. Mas, estranhamente, quase nunca colocamos os amigos nessa roda. Parece que os enxergamos como pessoas alheias a essa estapafúrdia ideia de morte.

Até que um deles morre. E logo Paulo Mariano, uma espécie de líder e herói de todos os da minha geração em Princesa Isabel.

Pois é, como pode?! Amigos não devem morrer! Amigos não podem morrer! Amigos não foram feitos pra morrer!

Abre-se em nós uma imensa ferida que até pode parar de doer, mas nunca sara. Barganha, revolta, transtorno. Inconformismo com o mundo. Sensação de injustiça, de desamparo, de descrença na vida. Sensação eterna de vazio.

Quem permitiu que os amigos morressem e que esse buraco se instaurasse no nosso peito, para nunca mais sair?

A verdade é que o tempo pode até diminuir a dor, mas nunca cura a falta que um bom amigo faz. A gente tem mais é que parar de sofrer, para permitir que ele voe. Mas a gente nunca se conforma, passa a vida inteira tentando entender, mas não entende.

Os amigos nunca vão embora. Nós nunca fomos embora deles, nunca os despejamos do nosso peito, nunca deixamos que eles virassem passado. Por que eles haveriam de fazer isso então? Não fariam. Eles estão por aí, em algum lugar, olhando por nós com aquele ar de reprovação, rindo do que nos fazia rir juntos, cantarolando as músicas de sempre.

Estão aqui, estão na gente, caminhando ao nosso lado, guiando nossos passos como sempre guiaram. Porque amigos não vão embora.

www.ofuxiqueiro.com.br