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24
fev
2022

Pepe Escobar
Pepe Escobar (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247)

O analista de política internacional Pepe Escobar, em artigo publicado no site The Cradle, avalia que os eventos desta quinta-feira (24) na Ucrânia apontam para o surgimento, em uma velocidade "de tirar o fôlego", de uma nova ordem geopolítica.

"Isto é o que acontece quando um bando de hienas esfarrapadas, chacais e pequenos roedores cutucam o Urso", escreve o jornalista.

Ele classifica o reconhecimento da independência das repúblicas de Donetsk e Lugansk, os "Bebês Gêmeos", como o evento mais significativo da política externa russa desde a decisão de enviar caças à Síria, em 2015.

"Até o último minuto, o Kremlin tentou contar com a diplomacia, explicando a Kiev os imperativos necessários para evitar o trovão  heavy metal: reconhecimento da Crimeia como russa; abandonar quaisquer planos de adesão à Otan; negociar diretamente com os Baby Twins — um anátema para os americanos desde 2015; finalmente, desmilitarizar e declarar a Ucrânia neutra.
Os manipuladores de Kiev, previsivelmente, nunca aceitariam o pacote — pois não aceitaram o Pacote Master que realmente importa, que é a demanda russa por ‘segurança indivisível’.
A sequência, então, tornou-se inevitável. Em um piscar de olhos, todas as forças militares ucranianas entre a chamada linha de contato e as fronteiras originais dos oblasts de Donetsk e Lugansk foram reformuladas como um exército de ocupação em territórios aliados da Rússia que Moscou havia jurado proteger", escreve.

O poder bruto da Rússia precisou de poucas horas para dizimar qualquer possibilidade de resistência ucraniana:

"A liderança político-militar em Kiev nem teve tempo de declarar guerra. Eles congelaram. Tropas desmoralizadas começaram a desertar. Derrota total".

"Em breve poderíamos testemunhar o nascimento de uma Novorossiya independente –  a leste do Dnieper, ao sul ao longo do Mar de Azov/Mar Negro, do jeito que era quando anexado à Ucrânia por Lenin em 1922. Mas agora estaria totalmente alinhado com a Rússia e fornecendo uma ponte terrestre para a Transnístria.
A Ucrânia, é claro, perderia qualquer acesso ao Mar Negro. A história adora pregar peças: o que era um ‘presente’ para a Ucrânia em 1922 pode se tornar um presente de despedida cem anos depois", escreve.

"Então, as regras mudaram. Drasticamente. O Hegemon está nu. O novo acordo começa com a virada do cenário pós-Guerra Fria na Europa Oriental completamente de cabeça para baixo. O ‘East Med’ será o próximo. O Urso está de volta, ouça-o rugir", completa.

Leia a íntegra no The Cradle.

Brasil 247


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