ter
22
jul
2014

“Josué feriu toda a terra: a montanha, o Negueb, a planície, as colinas com todos os seus reis, sem poupar ninguém”

Sitônio PintoOtávio Sitônio Pinto*

Continua a guerra de conquista e de extermínio dos israelitas contra os povos do Oriente Médio. Uma guerra que teve início quando Caim matou Abel e continuou com a tomada de Jericó e todos os reinos daquelas bandas. As muralhas de Jericó desabaram diante das trombetas dos sacerdotes e do alarido do povo, e suas ruínas serviram de túmulo para todos os seus habitantes, passados a fio de espada. Assim foi feito a todos os povos daquele mundo, conforme está escrito no texto sagrado:

“O Senhor entregou-a com o seu rei nas mãos de Israel, que passou ao fio da espada a cidade com todo o ser vivo que nela havia, não deixando escapar nenhum. E fez ao seu rei como tinha feito ao rei de Jericó. De Libna passou Josué com todo o Israel a Laquis, onde levantou o seu acampamento, sitiando-a. O Senhor lha entregou, e Israel apoderou-se dela no segundo dia, passando ao fio da espada com todo o ser vivo, como tinha feito a Libna. Então, Horão, rei de Gaser, veio em socorro de Laquis, mas Josué derrotou-o com todo o seu povo até o extermínio completo”.

A guerra sobre os povos de Canaã e seus rios de leite, mel e sangue prossegue contra os palestinos acuados em Gaza: “O Senhor […] entregou todas esta terra nas nossas mãos […] (Josué, 2, 24).

“De Laquis, passou Josué com todo seu povo a Eglon […] e passaram-na ao fio da espada, […] como tinha feito a Laquis. […] tomaram Hebron e passaram ao fio da espada a cidade com o seu rei, seus arrabaldes e todo o ser vivo, sem nada deixar escapar, como tinham feito a Eglon […]. Josué feriu toda a terra: a montanha, o Negueb, a planície, as colinas com todos os seus reis, sem poupar ninguém […] tudo o que respirava, segundo a ordem do Senhor, Deus de Israel. ” (Josué, 10,30, 40).

Só escapou a prostituta Raab e sua família, pois ela tinha dado abrigo aos espiões de Josué. E Raab e os seus estão entre os judeus até hoje, conforme o livro sagrado (Josué, 2,14).

A Terra Prometida tinha donos, gente que nela morava há milênios com seus gados e suas roças. Mas os piratas de Javé tinham sede de rios e fome de terras. É com base nessas “revelações” que os israelitas reivindicam seu “direito histórico” sobre as terras do Oriente Médio, onde alocaram dez milhões de habitantes, retornados depois da última diáspora. Para receber esse fluxo de emigrantes, o espaço da antiga palestina foi evacuado pela força dos tanques de guerra das tropas sionistas. Parte deles está circunscrita à Faixa de Gaza, onde sobrevivem 1,7 milhão de pessoas. Sua capital, Gaza, tem uma das maiores densidades demográficas do mundo.

Até o fechamento desta edição, o bombardeio da artilharia de Israel já havia matado cerca de 400 pessoas em Gaza, inclusive crianças e mulheres. A guerra tem sido uma constante em Gaza, com seu espaço invadido pelos povos do Oriente há milênios. Agora, a guerra prossegue movida por Israel, que se vale de qualquer pretexto para massacrar a população civil, acuada diante de forças superiores.

Implantada no deserto, de onde Israel retira recursos para armar um exército tão poderoso, sofisticado e caro? Da comunidade judaica internacional e do apoio dos Estados Unidos, que têm no enclave de Israel um aliado e uma base estratégica no coração do Oriente Médio. Por si só Israel não teria tido condições de ter retornado aos territórios que conquistou. Só o apoio dos Estados Unidos e da Inglaterra, após a II Guerra Mundial, tornou possível a reocupação da Palestina pelo povo judeu – principal vítima do nazismo, que matou mais de seis milhões de israelitas quando a Alemanha empalmou a Europa.

O pesadelo, agora, se volta contra os palestinos espremidos na Faixa de Gaza. A II Guerra Mundial não terminou para eles. Algumas das armas são as mesmas, como as bombas de fósforo branco, que queimam as pessoas de dentro para fora. Desde a alma.

*Jornalista, escritor, poeta, ensaísta, publicitário e membro do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, da Academia Paraibana de Letras e da Academia de Letras e Artes do Nordeste.


  Compartilhe por aí: Comente

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *



Ir para a home do site
© TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. É PROIBIDA A REPRODUÇAO PARCIAL OU TOTAL DESTE SITE SEM PRÉVIA AUTORIZAÇAO.
Desenvolvido por HotFix.com.br